Guedes
destaca que o índice de isolamento social entre a população alagoana tem caído
para menos de 50% em todo o estado, o que classifica como preocupante.
Com base em estimativas do
Comitê Científico do Consórcio Nordeste, que prevê a ocupação de todos os
leitos de UTI para Covid-19 por volta do dia 15 de maio, em Alagoas, o
diretor-presidente da Fapeal, Fábio Guedes, reforça que não há razão ou
justificativa plausível para afrouxar a política de distanciamento social. A
Fapeal é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, única entidade
cujo presidente tem assento no Comitê Científico.
Em artigo sobre o atual
status da pandemia de coronavírus no estado (leia ao final desse texto), Fábio
Guedes explica que o distanciamento social deve ser sustentado na casa dos 50%,
ou até mesmo ampliado, durante todo o mês de maio.
“Sabemos que o pior vem pela
frente, mas precisamos minimizar a tragédia que se avizinha, contada pelo
número de pessoas que irão à óbito (...) não teremos mais leitos de UTI/SUS
suficientes para atender a todos, especialmente aos cidadãos que dependem da
rede pública de saúde. Mesmo considerando todo o esforço do governo estadual em
criar leitos e infraestrutura, vão faltar espaços e equipamentos para o
atendimento de urgência”, alerta o pesquisador.
Guedes destaca que o índice
de isolamento social entre a população alagoana tem caído para menos de 50% em
todo o estado, o que é preocupante visto a escalada de casos confirmados de
Covid-19. “Na primeira semana do mês de maio, ultrapassaremos mais da metade da
capacidade do SUS de internação em UTI, com o número de óbitos alcançando entre
80 e 100 indivíduos. Justamente neste momento mais delicado de crescimento mais
acelerado dentro da curva, com números de casos de contaminação e óbitos
aumentando”, diz.
Confira abaixo, na íntegra,
o artigo do diretor-presidente da Fapeal:
Maio pela vida
Chegamos a um momento
decisivo em Alagoas. Até aqui, as medidas de distanciamento social surtiram
efeitos e retardaram o crescimento da curva epidemiológica. Sem os decretos
governamentais, certamente reproduziríamos a dinâmica de algumas capitais, como
Manaus, Fortaleza e Recife, com uma curva muito mais acentuada e um número de
óbitos bastante elevado, pois o sistema de saúde (leitos SUS e da rede privada)
não estaria preparado, já teria entrado em colapso muito mais cedo.
Outro aspecto importante: a
epidemia teve início nos bairros mais nobres da capital alagoana, como
aconteceu nas cidades de São Paulo e Fortaleza. Principalmente na parte baixa
de Maceió. Em tese, é um território onde o nível de conscientização quanto à
importância do isolamento social é maior; as condições sanitárias e de
saneamento, as mais adequadas; e o padrão econômico permite aos pacientes
buscar atendimento médico na rede hospitalar privada. Esses aspectos
contribuíram para o achatamento da curva em seu início.
Como aconteceu em São Paulo,
Fortaleza e Recife, a contaminação comunitária contribuiu para a expansão e o
crescimento dos casos de pessoas infectadas com a Covid-19 nas regiões
periféricas e cidades do interior. Por essa razão, os leitos de hospitais e
unidades de saúde começam, rapidamente, a ser ocupados em um ritmo maior. Na
primeira semana do mês de maio, ultrapassaremos mais da metade da capacidade do
SUS de internação em UTI, com o número de óbitos alcançando entre 80 e 100
indivíduos.
Justamente neste momento
mais delicado de crescimento mais acelerado dentro da curva, com números de
casos de contaminação e óbitos aumentando, um alerta que o pior está para
chegar, que o nível de distanciamento social tem caído para menos de 50% em
todo o estado.
Sabemos que o pior vem pela
frente, mas precisamos minimizar a tragédia que se avizinha, contada pelo
número de pessoas que irão à óbito. Pelas estimativas que temos, por volta do
dia 15 de maio, não teremos mais leitos de UTI/SUS suficientes para atender a
todos, especialmente aos cidadãos que dependem da rede pública de saúde. Mesmo
considerando todo o esforço do governo estadual em criar leitos e
infraestrutura, vão faltar espaços e equipamentos para o atendimento de
urgência.
Então, não há razão ou
justificativa plausível para afrouxar a política de distanciamento social. Ela
deve ser sustentada na casa dos 50%, ou mesmo ampliada, durante todo o mês de
maio. A recomendação para que se continue com as medidas de isolamento social
encontra-se em todos os cinco boletins produzidos pelo Comitê Científico do
Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste - Consórcio
Nordeste. Em Alagoas, deve-se aumentar e não diminuir o distanciamento social
no mês das Mães.
Fonte:
Agência Alagoas.