A
Venezuela deu 72 horas para os funcionários do Alto Comissariado dos Direitos
Humanos deixarem o país.
O
ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, afirmou nesta
quinta-feira (15) que o governo "suspendeu as atividades" do gabinete
do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos no país,
instalado em 2019, e ordenou a saída dos seus funcionários em 72 horas.
"Esta
decisão é tomada devido ao papel inadequado que esta instituição tem
desenvolvido, que, longe de se mostrar como uma entidade imparcial, tornou-se o
escritório de advocacia privado do grupo de golpistas e terroristas que
conspiram permanentemente contra o país", disse Gil, que indicou que a
decisão será mantida "até que retifiquem publicamente perante a comunidade
internacional a sua atitude colonialista, abusiva e violadora da Carta das
Nações Unidas".
O
governo da Venezuela expulsou a entidade da ONU logo após o Alto Comissariado
ter divulgado um comunicado no qual dizia estar preocupado com a prisão da
ativista venezuelana Rocío San Miguel, crítica do presidente Nicolas Maduro e
acusada pelo governo venezuelano de “terrorismo” (leia mais abaixo).
Escritório
na Venezuela
O
Escritório Técnico de Assessoria do Alto Comissariado da ONU para os Direitos
Humanos foi instalado na Venezuela em 2019, quando Michelle Bachelet, ex-presidente
do Chile, era chefe do órgão.
Antes
de deixar o cargo, Bachelet disse que via progressos em matéria de direitos
humanos na Venezuela, mas ainda havia “muito por fazer”.
O
sucessor de Bachelet, Volker Turk, visitou a Venezuela em janeiro de 2023,
quando foi decidido que o escritório continuaria funcionando por mais dois
anos. Durante esse tempo, o órgão pediu para que as autoridades venezuelanas
libertassem todas as pessoas presas de forma arbitrária e para que fossem
tomadas medidas para acabar com as torturas.
O
escritório se reuniu com diversos setores da sociedade civil e autoridades do
governo, e tratou denúncias sobre execuções extrajudiciais, mas informou que
houve restrições para ter acesso a alguns centros de detenção do país.
O
principal trabalho do escritório técnico consiste em “apoiar a implementação
efetiva das recomendações emitidas” nos relatórios que o alto comissário
apresenta ao Conselho de Direitos Humanos. Desde 2019, foram publicados ao
menos seis relatórios sobre a situação na Venezuela.
Prisão
de ativista
A
ativista de direitos humanos Rocío San Miguel foi presa no último dia 9, quando
estava prestes a viajar para fora da Venezuela com sua filha, que mais tarde
foi colocada em liberdade condicional.
De
nacionalidades venezuelana e espanhola, Rocío é acusada de "traição",
"terrorismo" e "conspiração" por estar "diretamente
ligada" à suposta operação "Braçadeira Branca" para assassinar o
presidente Nicolás Maduro, disse o procurador-geral, Tarek William Saab.
Seu
ex-marido, o coronel aposentado Alejandro José Gonzales, também foi preso sob
suspeita de "revelar segredos políticos e militares".
Seus
irmãos e o pai de sua filha também foram presos, mas depois liberados. Saab os
acusou de "encobrir provas": um celular e um laptop de Rocío.
A
residência da ativista foi alvo de uma operação de busca na quarta-feira de
agentes da Contrainteligência Militar, informou um de seus advogados, Joel
García. Ele disse que foram confiscados um iPad e mapas antigos de "zonas
de segurança" que Rocío utilizava quando dava aulas em institutos
militares.
Fonte:
g1.
0 Comentários