A explicação foi dada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (28), quando a cúpula da Segurança Pública do Rio comentou os resultados da ação.

Durante a megaoperação que deixou mais de 100 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, as forças de segurança montaram o que chamaram de “Muro do Bope” — uma estratégia em que policiais entraram pela área da Serra da Misericórdia para cercar os criminosos e empurrá-los em direção à mata, onde outras equipes do Batalhão de Operações Especiais já estavam posicionadas.

A explicação foi dada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (28), quando a cúpula da Segurança Pública do Rio comentou os resultados da ação.

"Distribuímos as tropas pelo terreno. O diferencial, em relação às imagens que mostravam criminosos fortemente armados buscando refúgio na área de mata, foi a incursão dos agentes do Bope na parte mais alta da montanha que separa as duas comunidades. Essa ação criou o que chamamos de 'muro do Bope' — uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha", detalhou Menezes.

Segundo ele, a ação tinha como objetivo proteger a população: "O objetivo era proteger a população e garantir a integridade física dos moradores do Alemão e da Penha. A maioria dos confrontos, ou praticamente todos, ocorreu na área de mata", garantiu o secretário, frisando que o confronto se iniciou às 6h e terminou às 21h.

'Dano colateral pequeno'

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, classificou o “dano colateral” como “muito pequeno”, afirmando que apenas quatro pessoas inocentes morreram durante a ação.

“As vítimas são os quatro inocentes que foram baleados e os quatro policiais que morreram”, disse Santos.

De acordo com ele, a investigação que culminou na operação desta terça durou cerca de um ano.

"O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, que envolveu as polícias do Rio e de vários estados, principalmente do Pará”, destacou o secretário, ressaltando que o planejamento da ação foi minucioso.

Até a manhã desta quarta-feira (29), dia seguinte à ação, mais de 130 corpos haviam sido retirados da região, mas o governador só confirmou oficialmente 58 mortes: 4 deles policiais e 54 criminosos, segundo o governo.

A ação contou 2,5 mil policiais civis e militares e é considerada pela cúpula da segurança como de alto risco.

"Quero me solidarizar com os policiais mortos, com as famílias, com os policiais feridos em uma ação extremamente arriscada, complexa”, afirmou Menezes.

Governador disse que operação foi um 'sucesso'

Mais cedo, o governador Cláudio Castro, disse que a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, a mais letal da história do Rio, foi um "sucesso".

"Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais."

Segundo Castro, o principal indício de que os 54 eram criminosos é porque os confrontos foram todos em área de mata:

"Não acredito que havia alguém passeando em área de mata em um dia de operação". Ainda segundo o governador, é preciso ter muita responsabilidade para divulgar números em operações.

"A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem. Daqui a pouco vira uma guerra de número. Nós não vamos trabalhar assim”, explicou.