Por Ítalo Timóteo – IT.com.br



Antes de tudo, quero deixar claro: votei em Jair Bolsonaro. Não apoio o atual governo, tampouco comungo com muitas de suas decisões. Mas, como comunicador, tenho a obrigação de reconhecer quando uma jogada política é bem-feita — e Lula acaba de fazer uma das mais estratégicas desde que voltou ao poder.


O que parecia improvável aconteceu: o presidente encontrou uma pauta capaz de reposicioná-lo no cenário político e dar o tom das eleições de 2026. Com habilidade, voltou a se comunicar diretamente com o povo, sem precisar de grandes palanques — apenas com discurso bem alinhado e um celular na mão.


Nesta sexta, Lula divulgou um vídeo em suas redes sociais falando sobre o escândalo do rombo no INSS, que teria causado um prejuízo de mais de R$ 6 bilhões aos aposentados entre 2019 e 2024. Com tom firme, anunciou que os prejudicados poderão receber de volta todo o valor perdido, em parcela única, a partir do dia 24 de julho. E disse mais: “Não faz sentido tirar do povo para pagar ao patrão”.


Foi um recado com endereço certo — e com apelo emocional certeiro. Ele aproveitou o momento para expor a fragilidade do sistema anterior e se colocar como defensor do trabalhador. O velho sindicalista, que parecia ter ficado no passado, está mais vivo do que nunca.


E se engana quem pensa que a movimentação é apenas nacional.


Vindo para perto da gente, aqui em Alagoas, Lula já mostrou que não está para brincadeira. Em uma jogada silenciosa e certeira, colocou o prefeito de Maceió, JHC, em seu devido lugar. Forçou o jovem político — até então com discurso independente e muitas vezes de confronto com a base governista — a posar ao lado de Renan Filho, atual ministro dos Transportes e um dos principais aliado de Lula no estado.


E Bolsonaro?


Enquanto isso, Bolsonaro segue permitindo que seus filhos, principalmente Eduardo, tentem controlar sua estratégia, colando seu nome ao de Donald Trump e reforçando um discurso que soa mais estrangeiro do que patriótico. O ex-presidente que já foi símbolo do “Brasil acima de tudo” hoje parece guiado por interesses de fora — algo que sua base, aos poucos, começa a perceber.


Lula, mesmo com todos os problemas que enfrenta, está se posicionando com habilidade. Criou uma narrativa, aproveitou uma brecha, mexeu no INSS, acertou em Alagoas e mostra que está com o jogo na mão. Bolsonaro, se quiser disputar de igual para igual, vai precisar parar de ouvir apenas a família e voltar a ouvir o povo.


As eleições de 2026 já começaram. E Lula saiu na frente — no discurso, na estratégia e na articulação.


Revisado por Thyara Ravelly - Colaboradora do IT.com.br