Segundo o MPAL, a
representação contra Mayer foi aceita pelo Poder Judiciário que expediu o
mandado de prisão preventiva.
O Ministério Público do
Estado de Alagoas (MPAL) explicou os detalhes da denúncia contra o delegado
Daniel Mayer, preso na manhã desta quarta-feira (18) pela Polícia Federal. Ele
é suspeito de induzir o MPAL ao erro durante as investigações do caso da morte
do empresário Kleber Malaquias, do qual era responsável pelo inquérito.
Segundo o MPAL, a
representação contra Mayer foi aceita pelo Poder Judiciário que expediu o
mandado de prisão preventiva. O delegado da Polícia Civil, que atua na
Diretoria da Polícia Judiciária da 1ª Região, em Maceió, passou a ser réu na
ação penal por fraude processual, revelação de sigilo funcional e abuso de
autoridade.
Na denúncia, a 3ª Promotoria
de Justiça de Rio Largo, através dos promotores de Justiça Lídia Malta e Kleber
Valadares e, ainda, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco), demonstraram que ele teria inserido provas forjadas e produzidas em
combinação com outros envolvidos no intuito de alterar os fatos, induzindo ao
erro o corpo de jurados, os juízes e a própria sociedade.
O MPAL alega que os fatos
foram demonstrados após a descoberta, judicialmente autorizada, que comprovou a
troca de favores em benefício da fraude, e informou que obteve conversas
“reveladoras”, também por meio de autorização judicial.
“Elas mostraram uma
conspiração conduzida pela autoridade policial para incriminar falsamente uma
pessoa já assassinada, tudo com o intuito de proteger os verdadeiros autores do
crime, em um provável conluio com os investigados, aplicando um verdadeiro
golpe à Justiça, inesperado de qualquer autoridade pública, especialmente de um
delegado de polícia”, detalharam os promotores.
A pessoa incriminada de
maneira falsa era um policial militar assassinado pela própria esposa,
identificado como Alessandro Fábio da Silva.
Para o MPAL, é de interesse
social o conhecimento do fato porque o tipo de conduta foi considerada de
“extrema reprovabilidade e gravidade, praticado por uma autoridade cuja missão
é proteger e combater a criminalidade e não lhe servir de amparo”.
Comprovação veio após o
adiamento do júri
No entendimento do órgão
ministerial, no decorrer do julgamento pelo homicídio de Kleber Malaquias,
conduzido perante o Tribunal do Júri, ficou evidente, por ação da defesa dos
réus, que “respeitáveis instituições foram instrumentalizadas por criminosos
para fins ilícitos”.
“A prisão deste delegado de
alto escalão da Polícia Civil de Alagoas ocorreu após a custódia preventiva e a
denúncia de um agente de polícia civil, também envolvido no crime, o qual
representa o elo central para a identificação dos mandantes do homicídio”,
informaram Lídia Malta e Kleber Valadares.
Os promotores ainda
destacaram que os atos criminosos de alguns indivíduos não definem o valor e a
importância das instituições perante a sociedade alagoana, nem devem gerar
desconfiança quanto ao seu funcionamento regular. Para eles, tais instituições
possuem servidores públicos que “respeitam os princípios da honestidade, da
legalidade e da ética e, aqueles que fogem disso, praticando atos ilícitos,
deverão ser exemplarmente punidos, sempre em conformidade com a lei”.
Por fim, o MPAL acrescentou
que novas medidas serão tomadas para identificar a participação de outros
envolvidos nos crimes imputados ao delegado, uma vez que as investigações
continuarão a se aprofundar, com o objetivo de individualizar as condutas dos
demais cúmplices.
“Queremos, inclusive,
solidarizar-nos com os profissionais que atuam de forma ética e que diariamente
reafirmam seu compromisso com os princípios constitucionais e com a vida em
sociedade. Estendemos nossa solidariedade especialmente a todas as vítimas,
diretas e indiretas, que têm na realização da Justiça um direito fundamental e
inegociável, pois a vida é um bem supremo e insubstituível”, completaram Lídia
Malta e Kleber Valadares.
Por: tnh1.com.br
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