Kleber Valadares e Lídia Malta foram contundentes em afirmar que o responsável pelas investigações teria fraudado provas e que jamais esperavam isso de uma autoridade que ocupa o cargo de delegado.


Os promotores Kleber Valadares e Lídia Malta, representantes da 3ª Promotoria de Justiça de Rio Largo, se pronunciaram na tarde desta quarta-feira, 18, sobre a prisão do delegado da Polícia Civil Daniel Mayer, que atua na Diretoria da Polícia Judiciária da 1ª Região, e passou a ser réu na ação penal por fraude processual, revelação de sigilo funcional e abuso de autoridade no caso Kleber Malaquias.

Kleber Valadares e Lídia Malta foram contundentes em afirmar que o responsável pelas investigações teria fraudado provas e que jamais esperavam isso de uma autoridade que ocupa o cargo de delegado.

"Em operação do Ministério Público do Estado e da Polícia Federal, foi preso o delegado de Polícia Civil (PC), o qual fraudou provas relacionando uma pessoa já morta, que não pode se defender, como autora do crime que vitimou Kleber Malaquias. O que se identificou a partir da investigação é que essa pessoa nada teve a ver com o crime. Pelo contrário, o que se buscou foi isentar os demais réus da prática delitiva", afirmou o promotor Kleber Valadares.

A promotora Lídia Malta declarou que o delegado traiu a própria função. 

"Portanto, esse delegado foi denunciado por trair suas funções e seu compromisso social e constitucional. Isso não quer dizer que nós devamos desconfiar das instituições, pelo contrário, nós queremos aqui enaltecer o trabalho feito inicialmente pela PC, Polícia Militar e PF. Tais instituições atuam em prol da sociedade e em defesa da vida, assim como o MP. As investigações terão continuidade para identificar os outros partícipes, envolvidos neste grave comprometimento, nesta grave conduta jamais esperada por um delegado de polícia que foi praticada nos autos em questão. O MP já sinalizava o que havia acontecido e conseguiu demonstrar com precisão a fraude processual que estava destinada a ludibriar os jurados, os juízes e toda sociedade. Isso foi um duro golpe sofrido por todos. Por todas as respeitáveis instituições públicas do estado, estendemos nossa solidariedade às vítimas diretas e indiretas que aguardam e almejam que a justiça seja feita", disse Lídia Malta.

Na denúncia, a 3ª Promotoria de Justiça de Rio Largo e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) demonstraram que o delegado teria inserido provas forjadas e produzidas em combinação com outros envolvidos no intuito de alterar os fatos, induzindo ao erro o corpo de jurados, os juízes e a própria sociedade.

O MPAL alega que os fatos foram demonstrados após a descoberta, judicialmente autorizada, que comprovou a troca de favores em benefício da fraude, e informou que obteve conversas “reveladoras”, também por meio de autorização judicial.

Júri adiado - A Justiça de Alagoas determinou, nesta quarta-feira, 18, o adiamento do júri popular do caso Kleber Malaquias de Oliveira, morto em 2020 na cidade de Rio Largo. A decisão do judiciário acolheu pedido do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) horas após a prisão do delegado Daniel Mayer, que era responsável pelo inquérito.

Segundo o MPAL, o juiz Braga Neto aceitou o pedido e o julgamento, que seria nesta quinta-feira, 19, foi adiado para o dia 17 de fevereiro de 2025.

Entidades defendem delegado - O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Alagoas (Sindepol/AL) e a Associação dos Delegados de Polícia de Alagoas (Adepol/AL) divulgaram uma nota de repúdio à prisão preventiva do delegado Daniel Mayer pela Polícia Federal nesta quarta-feira.

“O Delegado agiu dentro do escopo de suas prerrogativas funcionais, objetivando tão somente o cumprimento de seu dever como autoridade policial”, alegam as entidades.

Relembre o caso 'Kleber Malaquias' - Segundo o processo, o crime aconteceu dentro de um bar, em Rio Largo, na tarde de 15 de julho, dia do aniversário da vítima. A execução teria sido arquitetada pelos envolvidos que atraíram Kleber até o Bar da Buchada para realizar o assassinato.

De acordo com o relatório, o policial militar José Mário, na época pré-candidato a vereador, marcou um encontro com Kleber para conversar sobre questões políticas. Na ocasião, Fredson José teria efetuado os disparos de arma de fogo que levaram a vítima à morte.

Consta nos autos que Kleber era alvo de constantes ameaças devido às denúncias que fazia contra políticos e autoridades.

Por: www.tnh1.com.br