As autoridades têm prazo de
cinco dias para informar sobre o acatamento da recomendação.
Na manhã desta quarta-feira
(28), uma semana após promover audiência pública que abordou a crítica situação
da doença meningocócica em Alagoas, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu
recomendações urgentes para que o Estado e os 102 municípios alagoanos adotem
medidas imediatas para combater a doença. As autoridades têm prazo de cinco
dias para informar sobre o acatamento da recomendação.
De acordo com o órgão, a
taxa de incidência da doença meningocócica em crianças menores de cinco anos em
Alagoas é de 4,41 casos confirmados a cada 100 mil habitantes – o maior
coeficiente da doença nesta faixa etária do país –, enquanto a taxa de
letalidade é de 72,7%. Nesse cenário considerado endêmico, o procurador
regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), Bruno Lamenha, expediu duas
recomendações.
A primeira delas recomenda
ao Governo do Estado e à Secretaria Estadual de Saúde que ajustem os
fluxogramas de manejo clínico e de regulação, além de estratégias de vigilância
epidemiológica para casos suspeitos de doença meningocócica, conforme a Nota
Técnica nº 97/2024, emitida pelo Ministério da Saúde. A recomendação também abrange
a implementação de quaisquer diretrizes futuras que venham a ser emitidas pelo
Ministério da Saúde.
Além disso, o Estado e todos
os 102 municípios alagoanos devem garantir a realização de capacitações
permanentes, com participação obrigatória, para que os profissionais de saúde,
especialmente os médicos, estejam plenamente qualificados para seguir as
orientações e protocolos estabelecidos. Considerando a gravidade da situação
enfrentada, medidas administrativas deverão ser tomadas contra aqueles que se recusarem
a participar dessas capacitações sem justificativa.
Ao Conselho de Secretarias
Municipais de Saúde do Estado de Alagoas (COSEMS/AL) foi recomendado que
ofereça apoio técnico e logístico ao Estado e aos municípios, enquanto os
Conselhos Estadual e Municipais de Saúde foram orientados a fiscalizar
rigorosamente o cumprimento dessas medidas, assegurando que as orientações do
Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde sejam seguidas na
assistência aos pacientes com suspeita de meningite.
Especificamente em Maceió,
onde estão concentrados os casos de meningite tipo B, o MPF expediu uma segunda
recomendação. No documento, o Governo do Estado e a Prefeitura foram orientados
a colaborarem para estabelecer, no prazo de até 30 dias, serviços de pronto
atendimento com presença de médicos pediatras especializados e estrutura para
diagnóstico rápido, os chamados serviços de “porta aberta”.
A medida é essencial para a
assistência a crianças com suspeita de doença meningocócica. A população de
Maceió deverá ser amplamente informada sobre onde buscar atendimento em caso de
suspeita de meningite.
Informações colhidas em
audiência pública
A audiência pública
realizada em 21 de agosto, que contou com a participação de especialistas em
pediatria, infectologia e outras áreas da saúde, revelou que a alta mortalidade
relacionada à meningite se deve, em grande parte, à demora no diagnóstico.
Embora já tenham sido feitos ajustes sob a coordenação do Ministério da Saúde,
a rede pública de saúde precisa ser ainda mais aprimorada, especialmente no que
se refere à capacitação dos profissionais que atendem crianças.
As recomendações visam a
resolução extrajudicial de conflitos e a diminuição da judicialização,
priorizando soluções rápidas e eficazes, e não há prejuízo se algumas medidas
já tiverem sido parcialmente executadas.
O MPF ressalta que, com a
entrega das recomendações, as autoridades estão plenamente cientes da gravidade
da situação e podem ser responsabilizadas por qualquer omissão que resulte em
eventos futuros adversos.
Por: Ascom MPF
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