Matéria jornalística revela
detalhes da ação investigada pelo MPAL.
O promotor de Justiça de
Alagoas Frederico Alves (de Cajueiro), ao que parece, deparou-se com uma
organização criminosa (Orcrim) de grande capilaridade, em terras nordestinas –
notadamente em Alagoas.
E, por aqui, já há uma
grande mobilização de interessados em anular as investigações, supostamente por
algum erro formal (volto ao tema, lá abaixo).
Lembrando
Na semana passada foi
deflagrada a Operação Maligno, consequência de uma investigação que começou em
2023 e apurou a atuação de uma falsa cooperativa de prestação de serviços.
Supostamente, uma empresa de contratação de mão de obra, que atenderia a 20
prefeituras de Alagoas.
Diz matéria no site do MPE:
Durante 14 meses de
investigação, a Promotoria de Justiça de Cajueiro, por intermédio do promotor
de Justiça Frederico Alves, com o suporte dos promotores de Justiça Kleber
Valadares, Izelman Inácio e Rodrigo Soares, amparados pelo Núcleo de Gestão da
Informação (NGI) do MPAL e com o apoio operacional do Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco, por meio do
seu coordenador, promotor de Justiça Roberto Brayner, e do delegado
pernambucano e chefe operacional do Gaeco/MPPE, José Cláudio Nogueira,
desmantelaram uma organização criminosa (Orcrim) especializada em burlar o
princípio do concurso público – estabelecido no artigo nº 37, inc. II da
Constituição Brasileira, vender facilidades aos gestores públicos, a exemplo de
funcionários fantasmas, lotação por indicações políticas, desvio de função,
“rachadinha”, dentre outros ilícitos que seguem sendo apurados no processo
investigativo.
Através de uma
pseudocooperativa de prestação de serviços, com sede administrativa no bairro
da Jatiúca, em Maceió, o grupo criminoso firmou contratos milionários com 20
municípios alagoanos, movimentando a vultosa cifra de R$ 243 milhões no período
compreendido entre outubro de 2020 e março de 2023. Desse valor, R$ 46 milhões
tiveram movimentações atípicas, comprovadamente, entre as contas pessoais dos
criminosos ou por interpostas pessoas jurídicas criadas especificamente para a
lavagem de dinheiro público.
E mais:
A Operação Maligno cumpriu
cinco mandados de prisão, sendo um em Maceió, três em Petrolina/PE e mais um na
cidade de Japaratinga/AL. Os oito mandados de busca e apreensão também foram
executados nas mesmas localidades. O Ministério Público ainda conseguiu que a
17ª Vara Criminal da Capital determinasse o bloqueio e sequestros de bens dos
denunciados no valor de R$ 46 milhões.
Até o momento, foram
descobertos contratos estabelecidos com os municípios de Cajueiro, Quebrangulo,
Porto de Pedras, Feira Grande, Pindoba, Carneiros, Olho d’Água das Flores, Mar
Vermelho, Porto Real do Colégio, Pão de Açúcar, Estrela de Alagoas, Tanque
d’Arca, Porto Calvo, Taquarana, Poço das Trincheiras, São Luís do Quitunde,
Limoeiro de Anadia, Senador Rui Palmeira, Chã Preta e Flexeiras. Segundo as
investigações, tais contratos foram firmados por meio de licitações por
“carona”, ou seja, através de atas de adesão ao registro de preço, modalidade
licitatória que facilita a contratação.
Por óbvio, o que chamou mais
a atenção foi a apreensão de um carro de luxo, que teria pertencido ao
ex-jogador Daniel Alves (além de R$ 649 mil em grana).
Segundo a apuração do blog,
o número de prefeituras envolvidas com a tal empresa pode ultrapassar 40, o
dobro do que já se sabe, oficialmente.
Detalhe:
ainda não se fala em envolvimento de prefeitos, mas é aí que a turma do “me
deixa quieto” se apega: a atribuição para a investigação seria do PGJ - com
autorização do TJ -, exatamente pela possibilidade de envolvimento de chefes do
Executivo Municipal (repito: não há nenhum prefeito citado na investigação até
agora).
E aí, conhecemos bem esse
caminho, que já bem situados e endinheirados aqui e ali: volta tudo à estaca
zero, como se não houvesse corpo nem crime.
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