Presidente participou da
abertura da 25ª Marcha dos Prefeitos, nesta terça-feira (21), e foi recebido
com vaias e aplausos. Evento espera receber 10 mil gestores até quinta (23).
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) anunciou nesta terça-feira (21) a renegociação de dívidas
previdenciárias dos municípios – em meio à discussão sobre a desoneração da
folha salarial deles – e pediu que as eleições municipais deste ano não causem
a perda da civilidade entre adversários.
As declarações foram na
abertura da 25ª edição da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Os
presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), também estiveram na
cerimônia.
Conhecido como "Marcha
dos Prefeitos", o evento é organizado pela Confederação Nacional de
Municípios (CNM), que tem expectativa de receber mais de 10 mil gestores até
quinta-feira (23).
O presidente disse no evento
que atendeu pedido da CNM e anunciou, além da renegociação das dívidas
previdenciárias, a criação de novas regras para pagamento de precatórios.
"O governo apresentará
novo prazo para financiamento de dívidas previdenciárias dos municípios com
renegociação de juros e teto máximo de comprometimento da receita corrente
líquida. O governo apresentará novas regras para pagamentos de precatórios, a
fim de facilitar a liquidação dos mesmos, e aliviar as contas públicas dos
municípios por meio de um teto máximo de comprometimento da receita corrente
líquida do órgão", disse.
Civilidade
Lula não participou da
abertura da marcha em 2023, quando foi representado por Alckmin. O petista
faria uma viagem à China na ocasião, porém adiou o compromisso por orientação
médica ao ser diagnosticado com broncopneumonia bacteriana e viral.
Nesta terça, o presidente
foi recebido com vaias e aplausos, e pareceu incomodado (veja no vídeo acima).
Em discurso, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, criticou as vaias a Lula.
"Eu já desde logo chamo
muito a atenção do plenário. Nós temos que primar pelo respeito às nossas
autoridades. Não estamos aqui para disputa de direita, de centro, de esquerda,
aqui estão os municípios do Brasil representados pelos prefeitos e pelas
prefeitas", afirmou.
“Peço encarecidamente ao
plenário que aqui não haja vaia, aqui haja nada, nós estamos recebendo
convidados e como tal eu tenho feito em todas as marchas quem acompanha sabe
disso", continuou.
No discurso, Lula pediu
civilidade na disputa eleitoral deste ano. "Não permitam que as eleições
façam com que vocês percam a civilidade. Esse país está precisando de harmonia,
muito mais de compreensão", disse.
Desoneração
Um dos principais temas
tratados na véspera da marcha foi a contribuição previdenciária dos pequenos
municípios.
Na semana passada, o
ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciaram um acordo para
manter, até o fim deste ano, a alíquota reduzida da contribuição previdenciária,
de 8%, paga pelos pequenos municípios.
Haverá aumento gradual do
imposto a partir de 2025. O Congresso votará um projeto de lei para que
implementar o acordo.
Antes, a legislação
determinava para as prefeituras a cobrança de 20% sobre os salários dos funcionários.
No ano passado, os parlamentares aprovaram a redução para 8%, o que virou lei.
Isso vale para cidades com até 156 mil habitantes.
No discurso nesta quinta, o
presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, defendeu a alíquota previdenciária reduzida
no salário dos funcionários das prefeituras e citou outros setores, como clubes
de futebol e igrejas, com tributação inferior. "Por que nós, que prestamos
serviço à sociedade, temos que pagar 22%?", disse.
O presidente da Câmara,
Arthur Lira, também comentou o tema. Ele defendeu um "consenso" que
permita, "de um lado que as prefeituras ganhem fôlego maior para poder se
recuperar dos custos pós pandemia", e de outro, que o governo federal
realize "o indispensável ajuste fiscal".
Lira disse ainda que leis
"não são perfeitas", mas que a questão previdenciária no âmbito
municipal é um problema "grave" que deve ser tratado com a
participação do Congresso, de Lula, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e
prefeitos.
Logo depois, o presidente da
Câmara enviou um recado aos outros poderes.
"O que nós fizemos foi aprovar as leis, seguir o rito constitucional, ter ou não o seguimento de todo processo legislativo terminado. [...] O que não aceitamos é a imposição de nenhuma vontade de um poder sobre o outro. A Câmara é a casa do povo, qualquer projeto é discutido com a sociedade. Os setores são ouvidos, os partidos opinam e depois que opinam as leis são votadas, sancionadas e merecem ser respeitadas", disse.
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