Governo também definiu novo
'braço' do Minha Casa, Minha Vida para recompor lares destruídos. Presidente
faz terceira visita ao estado desde o começo das chuvas e cheias, há duas
semanas.
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) anuncia nesta quarta-feira (15), em São Leopoldo (RS), um
pacote de ações voltadas para famílias atingidas pelas chuvas e cheias no Rio
Grande do Sul.
Como adiantou o blog do
Valdo Cruz, o governo federal deve anunciar a criação de um auxílio em parcela
única para famílias de baixa renda que ficaram desabrigadas.
Lula também deve incluir
famílias em estado de vulnerabilidade na folha de pagamento do Bolsa Família,
programa de transferência de renda do governo federal.
"Estamos aqui para
anunciar outras medidas. Essas, voltadas ao cidadão, à pessoa física [...] Para
as pessoas que perderam sua geladeira, seu fogão, sua televisão, seus móveis,
seu colchão. Uma ajuda para essas pessoas. Será atestado pela Defesa Civil de
cada município aquela poligonal, aquelas ruas onde as pessoas perderam seus
objetos", informou Rui Costa, da Casa Civil.
"Essas pessoas [que
perderam bens] terão de forma rápida, facilitada, via Caixa Econômica, a
transferência nas suas contas, via PIX, de R$ 5,1 mil", disse Rui.
"Todas as pessoas que
perderam seu objetos. A comprovação se dará apenas pelo endereço que a pessoa
mora. Quem perdeu todos os documentos vai lá, diz seu CPF. Vai ser via
aplicativo da Caixa, com a autodeclaração das pessoas. E esse endereço, evidente,
será checado."
Segundo Rui Costa, a medida
deve beneficiar 200 mil famílias – o custo é estimado em R$ 1,2 bilhão, mas
pode aumentar até o fim das chuvas.
O governo também anunciou
medidas para facilitar o saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS):
1 - os trabalhadores das
cidades atingidas poderão sacar até R$ 6.220 das contas ativas;
2 - o prazo mínimo de 12
meses desde o saque mais recente, previsto em lei, não será considerado;
3 - a medida vale para
trabalhadores das cidades atingidas – que estejam em estado de emergência ou de
calamidade.
Rui Costa anunciou também
que todos os beneficiários do Bolsa Família na região afetada receberão a
parcela de maio na próxima sexta-feira (17). O cronograma original começava na
sexta, mas previa pagamento escalonado até o próximo dia 31.
O governo já tinha anunciado
a inclusão de 20 mil famílias gaúchas no programa, que devem ser incluídas em
uma folha extra para receber, já em maio, a primeira parcela.
Minha Casa, Minha Vida
No programa habitacional Minha
Casa, Minha Vida, o governo já tinha anunciado uma suspensão de seis meses para
o pagamento das parcelas dos financiamentos.
Nesta quarta, Rui Costa
anunciou uma medida adicional: famílias que perderam suas casas na enchente e
se encaixam nas faixas 1 e 2 do Minha Casa, Minha Vida terão novos imóveis 100%
garantidos pelo governo federal.
Para isso, segundo Rui
Costa, serão usados múltiplos caminhos:
- compra assistida de
imóveis usados (a família indica uma casa já existente ao governo, a União
compra a casa e entrega à familia);
- chamada pública de imóveis
(o governo recebe propostas de proprietários interessados em vender imóveis);
- estoque de casas para
leilão (imóveis que foram tomados pelo governo, em razão de financiamentos não
pagos, serão retirados de leilão, quitados e ofertados às famílias);
- aquisição de imóveis de
construtoras (domicílios que empreiteiras vinham construindo, por conta
própria, para oferecer ao mercado – o governo fará a compra antecipada e
entregará às famílias);
- habilitação de novos
projetos do Minha Casa, Minha Vida (projetos que tinham sido apresentados, mas
não foram selecionados na cota do programa).
O governo anunciou que serão
restituídas inclusive as casas que não eram regularizadas.
Judiciário envia R$ 123 milhões
O presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, anunciou na mesma cerimônia
que o Poder Judiciário enviou R$ 123 milhões para as obras de recuperação do
estado.
O valor corresponde a
depósitos judiciais de "prestações pecuniárias" – multas e
indenizações pagas ao longo dos processos e que, em determinados casos, ficam à
disposição para que a Justiça decida onde usar.
Barroso anunciou, ainda, o
envio de policiais judiciários para reforçar a segurança nos abrigos de
famílias desalojadas e em outras funções que surgirem.
Terceira viagem ao RS
O presidente faz a terceira
visita ao estado em duas semanas. O Rio Grande do Sul enfrenta as consequências
das enxurradas, que provocaram prejuízos em mais de 400 dos 497 municípios
gaúchos.
Viajaram com Lula, além da
primeira-dama Janja:
- o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso;
- os ministros Rui Costa
(Casa Civil), José Múcio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Wellington Dias
(Desenvolvimento Social), Nísia Trindade (Saúde), Esther Dweck (Gestão), Marina
Silva (Meio Ambiente), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho
(Cidades) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social).
- os comandantes Marcos
Sampaio Olsen (Marinha), Tomás Miguel (Exército) e Marcelo Damasceno
(Aeronáutica);
- o diretor-geral da Polícia
Federal, Andrei Rodrigues, e o presidente da Conab, Edegar Pretto.
A ministra da Saúde, Nísia
Trindade, afirmou que não faltam medicamentos e vacinas e reclamou de
informações falsas sobre o tema. A ministra afirmou que serão distribuídas 1,2
milhão de doses de vacinas no estado.
Fernando Haddad afirmou que
terá uma reunião nesta quinta-feira (16) com bancos públicos para discutir
formas de apoiar a manutenção de empregos nas empresas afetadas pela
catástrofe.
"Não temos como escapar
dessa tarefa que será longa, de desenhar as ações necessárias para criar um
instrumental. Que seja possível atender a necessidade de cada família, de cada
município, para que cada estado como um todo seja contemplado [...] Esse
trabalho vai se estender, e a cada semana serão duas a três novas
medidas", disse.
Calamidade no RS
As chuvas e cheias de rios
mataram pelo menos 149 pessoas, alagaram cidades, destruíram casas e bloquearam
rodovias. Porto Alegre e cidades da região metropolitana continuam alagadas.
Desde o início das chuvas e
das cheias, há duas semanas, Lula reuniu ministros e fez uma série de anúncios
de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul, como:
- Decreto de calamidade,
aprovado pelo Congresso;
- Abertura de linhas de
crédito para empresas e produtores rurais;
- Antecipação do pagamento
de benefícios;
- Liberação de R$ 5 bilhões
para ações emergenciais de ministérios;
- Carências no pagamento de
financiamentos;
- Projeto que suspende
pagamento da dívida do RS com a União por três anos.
O governo federal liberou
recursos emergenciais, para atendimento imediato das vítimas, e também discute
um pacote bilionário para reconstruir a infraestrutura gaúcha. O governo do
estado estima esse custo em, pelo menos, R$ 19 bilhões.
Fonte: G1
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