Associação
Dojo Samurais, de Maceió, foi contemplada no edital do BNB com base na Lei de
Incentivo ao Esporte.
O projeto Judô Superação, da Associação Dojo Samurais, de Maceió (AL), receberá recursos do Banco do Nordeste para contratação de equipe multidisciplinar e manutenção do seu Centro de Treinamento que, até o final do ano, pretende atender 100 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. A Associação que, a partir do judô desenvolve aspectos esportivos, educacionais e culturais dos participantes, foi selecionada no edital do BNB voltado a projetos aprovados pela Lei de Incentivo ao Esporte, do Governo Federal.
Com
o incentivo, as crianças e adolescentes passarão a ter atendimento psicológico,
de assistência social, fisioterapia, educação física, entre outros. Além das
aulas de judô, que inclui o preparo para competições regionais e nacionais,
também receberão reforço escolar. O projeto pretende ainda resgatar a
autoestima dos atletas trabalhados, acolher socialmente as famílias envolvidas,
reduzir os índices de violência e do uso indevido de drogas por meio da prática
esportiva inclusiva.
Idealizadora
do projeto Judô Superação, Fabiana Carnaúba, mãe de uma atleta faixa preta de
judô, disse que sempre teve o sonho de realizar um programa de esporte com
cunho social, e de conseguir captar recursos da lei federal de incentivo aos
esportes. “Acompanhando minha filha nas competições, comecei a perceber que os
meninos que viajavam daqui de Alagoas, a maioria deles era oriunda de projetos
sociais, sem recursos muitas das vezes nem para alimentação. Temos como exemplo
o atleta e professor faixa preta de judô Felipe Alves, três vezes medalha de
bronze em campeonatos brasileiros e tricampeão regional, que iniciou sua
jornada em um projeto social. Hoje ele trabalha aqui com a gente”, conta.
Incentivo
A
Lei de Incentivo ao Esporte (Lei 11.438/2006) permite que empresas e pessoas
físicas aportem parte do valor que pagariam de Imposto de Renda em projetos
esportivos aprovados pelo Ministério dos Esportes. O BNB, desde 2009, destina
recursos financeiros, com base nesse instrumento legal, em favor de projetos
esportivos de inclusão social, selecionados via edital.
Ano
passado, Fabiana inscreveu o projeto no edital do Banco do Nordeste e foi
selecionada. “Eu fiquei muito feliz, chorei três dias”, relata, lembrando do
momento da divulgação dos contemplados. Ela conta que em 2021 já havia
conseguido aprovar o primeiro projeto para captação no Ministério dos Esportes,
mas a busca por doações e patrocínio de empresas, via incentivo, não foi fácil.
“Tentei captar recursos em várias empresas, de Alagoas e de outros estados do
Nordeste, e nunca consegui. Nosso estado é carente de apoio para esse tipo de
projeto. Não despertamos ainda para esse grande trunfo de poder cuidar das
nossas crianças com esse incentivo”, atesta.
“Com
o do BNB, teremos essa equipe multidisciplinar que vai cuidar não somente da
parte esportiva, mas também do lado social das nossas crianças, porque o
esporte anda junto com a educação e a gente não pode trabalhar um lado e deixar
o outro”, comemora.
Dojo
Samurais
Fabiana
começou a pesquisar sobre leis de incentivo e formas de apoio a projetos dessa
natureza, antes de ingressar na Associação Dojo Samurais, que foi criada em
2017 por um grupo de professores de judô, faixas pretas, que ensinavam de modo
voluntário crianças sem condições de acesso a esse tipo de esporte. Ela visitou
projetos semelhantes em outros estados, como uma academia de Judô em Araras, em
São Paulo, mantida por meio da Lei de Incentivo ao Esporte e doações. Quando
passou a fazer parte da Associação, em 2020, tentou implantar um modelo
parecido de manutenção por meio de patrocínios e apoio.
O
projeto iniciou pequeno, em plena pandemia, atendendo sete crianças, em uma
galeria no bairro do Poço, em Maceió, ocupando o espaço de uma loja. Com o
tempo, o Centro de Treinamento passou a ocupar o espaço de quatro lojas e já
atendia 70 crianças e adolescentes do próprio bairro e de uma vila popular da
Jatiúca.
A
Associação desenvolveu uma ação denominada Anjos do Tatame, para
“apadrinhamento” dos participantes. “Cada criança tem o seu anjo, que dá uma
doação mensal de R$ 20,00 e R$ 30,00, para pagar despesas do treinamento, como
aluguel, energia, água”, explica. O grupo também conseguiu recursos de duas
emendas parlamentares, bem como uma parceria com o Ministério Público do
Trabalho e com a Usina Coruripe, outros apoiadores do projeto.
Segundo Fabiana, a aprovação no edital do BNB veio somar a essa trajetória e abrir caminho não só para o projeto Superação, mas para outros que também podem ser beneficiados em Alagoas. “Acho que essa parte de lei de incentivo tem que ser muito divulgada aqui no estado. Projeto de judô aprovado por lei de incentivo federal, o nosso foi o primeiro, em todos esses anos que existe a lei”, ressalta.
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