Empresa
investigada pela Polícia Federal recebeu depósitos em dinheiro pelo
fornecimento de produtos químicos.
Trocas
de e-mails entre o influencer fitness Renato Cariani e um homem que se passou
por representante da farmacêutica AstraZeneca revelam que o, agora, alvo da
Polícia Federal por suposta participação no desvio de substâncias utilizadas
pelo tráfico de drogas, ofereceu produto ‘puríssimo’ ao intermediário.
Os
documentos fazem parte do relatório de uma investigação conduzida pela Polícia
Federal que antecedeu a Operação Hinsberg. O inquérito apontou que o homem que
se passou por comprador da farmacêutica manteve contato direto com Cariani e
fez diversas cotações, além de fazer depósitos em dinheiro para quitar as
compras dos insumos.
De
acordo com documentos do processo ao qual a CNN teve acesso, a investigação
começou quando a empresa Anidrol Produtos para Laboratórios LTDA, que tem o
influencer como sócio-administrador, declarou ao fisco que vendeu produtos
químicos para a AstraZeneca.
Os
pagamentos recebidos pela empresa do influencer foram feitos por depósitos
bancários atribuídos à farmacêutica, em duas notas fiscais de R$103.500,00, no
ano de 2015 e 108.500,00, no ano de 2016.
Segundo
a investigação, quando a Receita Federal questionou a farmacêutica sobre os
pagamentos, a Astrazeneca começou uma apuração interna envolvendo diversos
setores da empresa.
Ao
não encontrar informações sobre os depósitos, a empresa também apurou que a
Anidrol não constava entre os fornecedores, o que “impede a realização de
qualquer tipo de transação ou movimentação comercial, seja de compra ou venda”,
segundo documento.
A
farmacêutica também avançou na investigação interna e concluiu que o homem que
se apresentava como comprador jamais foi funcionário da empresa. Além disso, em
ofícios enviados à PF, a AstraZeneca informou que não compra “cloreto de
lidocaína” no Brasil e comunicou a possível fraude.
Na
época da apuração, os policiais tiveram acesso aos e-mails da empresa de
Cariani e aos extratos bancários. As conversas sugerem que foram feitas
diversas transações, entre ofertas e compras.
Nos
e-mails, também consta a informação de que a mesma operação foi realizada junto
a uma empresa de menor porte do que a farmacêutica mundialmente conhecida. Os
representantes também reagiram da mesma forma, dizendo que não adquiriram
produtos da Anidrol.
A
conclusão do inquérito é de que houve a “falsificação de dados de empresa
nacional para a compra fraudulenta de insumos utilizados para a fabricação de
drogas”, diz o documento.
A
continuação da investigação
No
inquérito seguinte, policiais federais passaram a investigar o homem que se
passava como representante comercial. No que havia sido apurado até ontem (12),
quando a operação foi desencadeada, a Polícia Federal identificou que
aproximadamente 19 toneladas de crack e cocaína podem ter sido fabricadas a
partir dos produtos que teriam sido desviados pelo grupo.
“Foram
identificadas 60 transações dissimuladas vinculadas à atuação desta organização
criminosa, totalizando, aproximadamente, 12 toneladas de produtos químicos
(fenacetina, acetona, éter etílico, ácido clorídrico, manitol e acetato de
etila), correspondendo a mais de 19 toneladas de cocaína e crack prontas para
consumo”, diz a PF.
A PF
diz que “as pessoas relacionadas aos fatos investigados responderão, cada qual
dentro da sua esfera de responsabilidade, pelos crimes de tráfico equiparado,
associação para fins de tráfico, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro”.
As penas combinadas podem ultrapassar 35 anos de prisão, acrescenta a
corporação.
Fonte:
CNN Brasil.
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