De
acordo com os pesquisadores, em um primeiro momento, os dados mostram que não
houve nenhum impacto na água da Lagoa Mundaú.
Em
coletiva realizada, na manhã desta segunda-feira (18), na Reitoria, no Campus
A.C. Simões, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e o Instituto de Meio
Ambiente do Estado de Alagoas (IMA-AL) apresentaram os resultados das análises
feitas pelas duas instituições, no mês de dezembro, antes e depois do
rompimento da Mina 18. De acordo com os pesquisadores, em um primeiro momento,
os dados mostram que não houve nenhum impacto na água da Lagoa Mundaú.
Segundo
o professor Emerson Soares, do Laboratório de Aquicultura e Ecologia Aquática
(Laqua), foram feitas coletas no sistema lagunar em fevereiro, junho e setembro
deste ano, seguidas de coletas do dia 2 ao dia 11 dezembro também deste ano.
Ele afirma que os índices de compostos presentes na água não sofreram
alteração.
“Baseado
nesses dados, não tem nada que comprove que a Mina 18, pelo menos nesse
momento, teve impacto na água, exceto na quantidade de fluoreto. O fluoreto deu
acima do limite, mas ele tem relação com fertilizantes, solos e esgotos”,
pontua o professor.
O
especialista ressalta que o monitoramento da lagoa continuará, pois existe a
possibilidade desses dados se alterarem. “Pode acontecer alguma coisa no
futuro? Pode. Nós não sabemos, por isso é importante monitorar”.
Segundo
os pesquisadores da Ufal, as coletas realizadas foram tanto superficialmente,
quanto com profundidade. Eles explicam que não foi coletado em apenas um ponto
da mina, mas em três pontos ao redor da margem.
“O
primeiro ponto foi centralizado na Minha 18 e a gente percebeu um rastro, com
uma coloração. Aí a gente acabou coletando também. Então, a gente coletou um
pouco no centro desse rastro e no final também”.
Condições
da Lagoa Mundaú
O
professor Emerson também falou sobre as condições da lagoa, ressaltando a
grande contaminação com compostos altamente tóxicos. Ele explicou que vários
desses compostos presentes são cancerígenos e que a situação da Laguna é uma
questão de saúde pública.
“Nós
encontramos DDT [inseticida], composto proibido no Brasil, assim como
Endossulfam [inseticida]. Alguns desses compostos são levados para a laguna
através de agroquímicos que são lançados na área marginal e são arrastados para
as águas, se acumulando ali”, expõe Emerson.
Segundo
a gerente do Laboratório do IMA-AL, Ana Karine Pimentel, a laguna sofre
influência de diversos fatores externos, como a urbanização ao seu redor, a
ligação direta com o mar e as diversas atividades realizadas no entorno. Ela
argumenta que todos esses fatores interferem na qualidade da água.
A
gerente do IMA também chama a atenção para as variações de coliformes fecais
[bactérias] presentes na lagoa, sobretudo durante os períodos chuvosos.
“Aparecem nuances durante todo o ano muito relacionadas ao carregamento de
esgoto doméstico que chega na laguna, seja através do extravasamento de fossas,
de drenagem ou do carregamento que ocorre a partir das chuvas”.
Conforme
informou o IMA, várias empresas que estão no município ao redor já foram
autuadas por lançamentos em desconformidade para a laguna.
Morte
do Sururu
O
professor do Laboratório de Instrumentação e Desenvolvimento em Química Analítica
(Linqa), Josué Carinhanha, declarou que os níveis de contaminantes presentes no
alimento afetarão a saúde das pessoas dependendo da frequência de consumo.
Segundo os cálculos feitos, seria necessário ingerir de 300 a 500 gramas de
sururu para causar algum dano.
“Para
as pessoas que comem como turistas e de quem esporadicamente faz o consumo, o
efeito é mínimo, agora para quem come com frequência, com constância, isso pode
efetivamente levar a alguma coisa. Mas também é difícil de dissociar, porque o
pescador já vive naquele ambiente, faz uso e tem contato direto com a água.
Então não daria para dizer que seria somente o sururu uma causa direta da
contaminação da população”, explica o professor.
De
acordo com o professor Emerson Soares, são vários os motivos pelo qual o sururu
não consegue mais se desenvolver na Lagoa como a quantidade de poluentes e
contaminantes; a quantidade de esgoto e matéria orgânica; o soterramento em
períodos de chuva; a falta de alimento para o sururu e a competição com o sururu
branco, uma espécie exótica.
“Quando
o sururu vai morrer, ele não morre assim da noite para o dia. Nós não
acreditamos que foi por alguma questão relacionada a Mina 18, porque não
encontramos nenhum produto tão agressivo que pudesse matar o sururu naquele
momento”, finaliza o professor.
Fonte:
Cada Minuto.
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