Ao
todo, 54 pessoas foram alvo de operação da PF brasileira, em conjunto com os
governos do Paraguai e dos Estados Unidos. Foram cumpridos mandados de busca e
apreensão em 43 endereços nos três países.
A
Polícia Federal desmontou, na terça-feira (5), uma grande organização criminosa
responsável pelo tráfico internacional de armas, que fornecia armamento pesado
a chefes das maiores facções brasileiras.
Segundo
as investigações, as armas vinham de países da Europa e entravam no Brasil pelo
Paraguai.
Por
trás de todo esse esquema, estavam Diego Hernan Dirísio, de 49 anos, o maior
traficante de armas da América do Sul, e Fhillip da Silva Gregório, de 36 anos,
conhecido como "Professor", um traficante de drogas do Complexo do
Alemão, no Rio de Janeiro, e um dos principais clientes de Dirísio.
Segundo
a PF, Fhillip só gostava de armas de alto calibre. Em uma de suas negociações,
ele recusa, por exemplo, um revólver de 308. "A questão não é preço, até
se você quisesse me dar essa pistola, aqui no Rio, a gente não usa mais esse
calibre", diz. "Tem que ser 9, 40, 45!", completa.
No
Alemão, o "Professor" tinha uma vida muito confortável. Ali, ele
montou uma estrutura de ostentação e chegou a receber uma equipe médica para
fazer lipoaspiração, implante de cabelo e clareamento dos dentes. Em trocas de
mensagens, o criminoso brasileiro revelou que não sai do Alemão há três anos.
Tanto
Fhillip como Diego Hernan estão foragidos.
Investigação
durou 3 anos
Na
semana passada, 54 pessoas foram alvos de uma operação da PF brasileira, em
conjunto com os governos do Paraguai e dos Estados Unidos. Foram cumpridos
mandados de busca e apreensão em 43 endereços nos três países - 16 pessoas
foram presas até agora.
A
investigação durou três anos e se iniciou a partir da apreensão de pistolas e
fuzis na Bahia. A PF estima que, de 2020 até aqui, o esquema de Diego Hernan
Dirísio tenha movimentado R$ 1 bilhão.
A
empresa de Dirísio fazia vendas legais de armas no Paraguai. As compras eram
feitas usando a própria empresa dele que, até então, era legalizada no
Paraguai.
"Além
disso, ele era provedor do estado Paraguaio. Tinha ganhado várias licitações e
comprado equipamento para o exército e para a polícia. Era uma empresa que
tinha todos os papéis, todos os requisitos para funcionar legalmente",
disse um porta-voz do Ministério Público do Paraguai, que trabalhou em conjunto
com a PF brasileira.
O
armamento vendido vinha da Croácia, Eslovênia, República Tcheca e Turquia. A
Polícia Federal acredita que, em três anos, Dirísio importou mais de 40 mil
armas do Leste Europeu.
"Ele
era visto como um grande empresário, mas, na realidade, estava fomentando o
mercado ilícito de armas de fogo na América do Sul. Ele dominava o mercado
ilegal de arma de fogo e criou uma estrutura criminosa que viabilizou um
derrame de milhares de armas de fogo no mercado ilícito para facções criminosas
no Brasil", disse Flávio Albergaria, delegado da PF.
Armamento
entrava no Paraguai com autorização de militares
O
armamento entrava primeiro no país vizinho com autorização da Dimabel, órgão de
fiscalização de armas no Paraguai, chefiado por militares. Trocas de mensagens
mostram que, desde 2020, Dirísio corrompia oficiais de alta patente com
presentes de aniversário.
"Muito
obrigado pelo presente. Estou muito contente", disse um coronel. Em outra
mensagem, Dirísio combina a entrada de equipamento direto com Jorge Antonio
Orue, chefe da Dimabel e que chegou a comandar a Força Aérea do Paraguai.
Ao
todo, 15 funcionários da Dimabel, incluindo os oficiais, foram alvo da operação
na última terça. O general Jorge Antonio Orue se entregou às autoridades um dia
depois, na quarta-feira (6).
Em
comum, tanto o vendedor de armar como seu maior cliente no Brasil, o
"Professor", gostavam de uma vida de luxo sustentada pela violência.
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