Nos
40 dias de ação, segundo o balanço divulgado pelo secretário Guilherme Derrite,
958 pessoas foram presas e 28 indivíduos morreram em supostos confrontos com
policiais.
A
gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta terça-feira (5) o fim
da Operação Escudo, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado
de São Paulo (SSP) após o assassinato do soldado das Rondas Ostensivas Tobias
de Aguiar (Rota) Patrick Bastos Reis na Baixada Santista.
Nos
40 dias de ação, segundo o balanço divulgado pelo secretário Guilherme Derrite,
958 pessoas foram presas e 28 indivíduos morreram em supostos confrontos com
policiais. Desde o início da ação, instituições e autoridades que defendem os
direitos humanos pediam o fim da operação.
Um
deles foi o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que reuniu ao menos
11 relatos de violações dos direitos humanos durante a Operação Escudo. Com
isso, o conselho recomendou ao governo paulista que encerrasse a operação e
apresente, em até 20 dias a partir de 1º de setembro, esclarecimentos sobre as
circunstâncias das mortes em decorrência da intervenção policial.
Na
segunda (4), a Defensoria Pública de São Paulo e a ONG Conectas Direitos
Humanos entraram com uma ação civil pública com pedido de tutela antecipada
para que a Justiça obrigue o governo paulista a instalar câmeras corporais nos
policiais militares e civis que atuam na Operação Escudo.
Segundo
o órgão, no caso de impossibilidade de atendimento, que "a operação seja
imediatamente suspensa, sob pena de aplicação de multa diária".
Na
coletiva, Derrite afirmou não ter sido notificado formalmente sobre o pedido.
"Não tomei conhecimento formal de nenhum pedido, recomendação ou ação da
Defensoria Pública. O órgão externo que faz a fiscalização das polícias é o MP
[Ministério Público]."
Mesmo
depois da prisão de três suspeitos pela morte do soldado, o governador Tarcísio
anunciou que a operação continuaria por pelo menos um mês. Em 28 de agosto, a
SSP chegou a informar que a operação não tinha prazo para terminar.
Os
laudos do Instituto Médico Legal (IML) de 15 de 23 mortos Baixada Santista em
30 dias de Operação Escudo apontam que 46 tiros acertaram e mataram homens que
eram considerados suspeitos pela polícia e teriam entrado em confronto com as
equipes, segundo a versão da Polícia Militar. A 23ª vítima, um adolescente de
15 anos, foi morta nesta segunda-feira (28), quando a ação completa um mês.
Na
coletiva, Derrite negou que tenha havido tortura ou execução. "Ao longo de
toda a operação nós vimos alguns apontamentos dizendo que denúncias haviam sido
feitas, dizendo que houve execução e nos laudos do IML. Nenhum laudo aponta
sinais de execução, que houve tortura e nenhum laudo e necrópsia do Instituto
Médico Legal, o órgão responsável técnico, nenhum aponta um hematoma, uma
queimadura de cigarro. Isso não foi apontado e nós temos como comprovar isso
pelo brilhante trabalho da polícia científica", afirmou.
"A
respeito das denúncias, eu fui atrás da Corregedoria da Polícia Civil e da
Corregedoria da Polícia Militar e, durante a instauração dos inquéritos, eu
falei: 'Eu quero pessoalmente cuidar de cada denúncia'. Eu somei as denúncias
tanto da Corregedoria da PM quanto da Corregedoria da Polícia Civil, e a
somatória das denúncias formais dos órgãos convencionais das polícias é zero,
eu não tenho nenhum denúncia, sobre nenhuma ocorrência. O nosso interesse é
garantir a legitimidade da operação", afirmou.
Segundo
o secretário, com o fim da Escudo, será retomada a Operação Impacto, que atua
no combate e prevenção a diversos tipos de crimes na Baixada Santista. "A
Operação Impacto, essa sim, vai prosseguir até o início da Operação Verão
porque a Baixada não pode perder o reforço do policiamento." Depois da
Operação Verão, Derrite informou que será aumentado o efetivo fixo de policiais
na Baixada.
Câmeras
corporais
O
secretário afirmou que irá adquirir mais câmeras para os policiais. "Nós
temos hoje 10.125 câmeras corporais. Alguns batalhões possuem, outros não.
Dentro da estratégia de expansão, vamos adquirir novas câmeras. A PM está com
um planejamento de licitação de aquisição de 6 mil câmeras para as viaturas
policiais, para fazer leitura de placa de veículo roubado, de veículo
furtado."
A
medida faz parte de uma decisão do governo de distribuir câmeras corporais para
os policiais que trabalham na fiscalização do trânsito. Cerca de 400 câmeras
das dez mil já existentes foram destinadas para o segundo batalhão, na região
central, e para o primeiro, no Paraíso, na Zona Sul da capital paulista.
A
medida faz parte de uma realocação do material que a PM já tinha, uma vez que a
atual gestão não investiu na compra de câmeras, tampouco na ampliação do
Programa Olho Vivo, implantado em agosto de 2020.
Dados
obtidos com exclusividade pelo g1, por meio da Lei de Acesso à Informação
(LAI), indicam que havia 10.125 equipamentos com os policiais em 2 de fevereiro
de 2023. O número segue igual em resposta enviada no dia 6 de junho pela PM,
vinculada à Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) do secretário Guilherme
Derrite. São Paulo tem cerca de 100 mil policiais.
Fonte: G1
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