Familiares
dizem que Thiago Menezes Flausino foi executado quando já estava caído no chão,
e que policiais adulteraram filmagem que mostraria o momento. PM disse primeiro
que Thiago atirou contra agentes. Depois, afirmou que ele estava na garupa de
moto de onde partiram tiros.
O
adolescente Thiago Menezes Flausino morreu baleado na Cidade de Deus, na Zona
Oeste do Rio na madrugada desta segunda-feira (7). Ele foi baleado por volta da
0h40, na Estrada Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, a via principal da
comunidade.
As
versões da família e da Polícia Militar sobre o fato são diferentes: enquanto
os parentes dizem que o adolescente foi executado e que a cena do crime foi
forjada, a PM chegou a dizer que ele atirou em agentes.
O
caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e o
Ministério Público também abriu uma investigação sobre a morte de Thiago. Veja
o que já se sabe sobre o fato.
O
que diz a família
Familiares
afirmam que o jovem foi executado pelos policiais e falaram em cena forjada
pela PM.
O
tio de Thiago disse que o sobrinho foi executado por um policial quando já
estava caído no chão.
“O
Thiaguinho estava passeando de moto com um amigo, saindo da Cidade de Deus, que
foi abordada já a tiro. Um tiro pegou na perna, o Thiaguinho caiu, aí a gente
tem um trechinho da imagem, que vê o Thiago no chão, ainda vivo, e o policial
acaba de executar ele”, descreveu Hamilton Bezerra Flausino.
“Não
teve tiroteio, não teve tiroteio. Até porque o pessoal foi se chegando para
fazer tipo uma manifestação ali. Nós, familiares, já estávamos ali, chegamos
muito rápido. Então a gente ia comandando, gente, não precisa fazer negócio de
queimar pneu. Não, não, não, está tranquilo, deixa que a gente vai resolver
pacífico. E assim foi, mas eles forjaram um tiroteio, dando um tiro”,
acrescentou.
Mãe
de Thiago, Priscila Menezes disse que a família está muito abalada “com o fato
de estarem acusando uma criança de 13 anos de ser envolvida com tráfico”.
“Ele
não era nada. Ele era apenas um adolescente ceifado por essa necropolícia que a
gente tem no nosso estado. Mais uma vítima que entra para a estatística.”
Acusação
de câmera adulterada
A
família ainda acusa a Polícia Militar de ter adulterado o registro de uma
câmera de segurança, com o objetivo de apagar a ação:
“Hoje
em dia as câmeras têm internet, bluetooth. Eles conseguiram, com o celular, ter
acesso e apagaram só a parte da execução, mas a gente tem um minuto antes e,
após um minuto e um pouquinho, continua a imagem. Dá para ver ainda um pedaço
do corpo do PM dando o último tiro para executar ele no chão”, detalhou.
Diferentes
versões da PM
A
PM, por sua vez, apresentou três versões, com alguns detalhes diferentes.
Primeira
versão: 'criminoso ferido em confronto'
Nas
redes sociais, a corporação primeiramente afirmou que “um criminoso ficou
ferido ao entrar em confronto” com homens do Batalhão de Polícia de Choque
(BPCHq) na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias.
Segunda
versão: troca de tiros após queda de moto
No
registro da ocorrência feito na DH, um dos PMs envolvidos afirma que pediu a
parada de dois homens sem capacete que estavam em alta velocidade em uma moto,
mas a ordem não foi obedecida. Por causa disso, uma perseguição começou.
"O condutor perde e controle e ambos os ocupantes caem na via. Caídos, os
opositores passam a efetuar diversos disparos contra a guarnição policial, que
reagiu". No documento, os policiais afirmam ainda que Thiago foi ferido
fatalmente e que o motorista da moto conseguiu fugir.
Terceira
versão: garupa de motociclista que trocou tiros
Posteriormente,
já no início da tarde, o porta-voz da corporação foi mais comedido e disse
apenas que o adolescente de 13 anos morto na CDD estava na garupa de uma moto
de onde, segundo o relato de policiais da ocorrência, algum dos ocupantes
trocou tiros com os PMs do Batalhão de Choque.
"Durante
o início da operação, os policiais faziam os fechamentos das principais vias de
acesso. Essa moto que foi em questão da ocorrência, fugia do cerco policial,
efetivamente, os policiais determinaram por ordem de parada, a moto disparou.
Segundo os policiais que estavam no local, [um dos ocupantes da moto] realizou
disparos de arma de fogo na direção dos policiais e houve um confronto. A moto
veio ao solo. O quem pilotava a moto efetivamente conseguiu fugir. E após o
cerco e a abordagem inicial, identificou o adolescente, que estava ao solo já
em óbito", disse o coronel Marco Andrade.
"Importante
destacar que pode ser que o piloto estivesse no confronto. A investigação é que
vai apontar efetivamente o que", observou.
"Importante
colocar aqui que o local foi totalmente preservado. A Delegacia de Homicídios
da capital acompanha o caso e realizou a perícia. E esperamos que com a perícia
realizada, com imagens de segurança de câmeras de segurança que tem na região,
podemos efetivamente elucidar esse caso, gerando maior transparência possível
para que possamos fazer justiça", acrescentou.
Armas
e câmeras corporais
A
Polícia Civil já apreendeu as armas dos dois policiais envolvidos na
ocorrência. O batalhão dos agentes envolvidos na ocorrência, o Batalhão de
Choque da PM, ainda não usa câmeras corporais. A polícia afirmou ainda que
apreendeu uma arma de fogo com Thiago, uma pistola calibre 9mm.
O
que diz a Polícia Civil
A
Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.
Em
nota, a Polícia Civil afirmou que "as armas dos agentes envolvidos na ação
foram apreendidas e a perícia foi realizada no local. Diligências estão em
andamento para esclarecer o caso."
Fonte:
G1 Globo.
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