Ainda
conforme informações da Central, comparando o primeiro semestre de 2022 com o
de 2023, foram realizados 18 transplantes a menos de um ano para o outro.
O
tema da doação de órgãos ganhou destaque após a notícia de que o apresentador
Faustão está aguardando um transplante de coração. O Hospital HCor, em São
Paulo, conhecido por sua expertise no tratamento de doenças cardíacas, estima
que Faustão terá que esperar de dois a três meses por um órgão compatível.
Em
Alagoas, duas pessoas estão na fila para transplante de coração. No entanto,
quando observado o total [envolvendo outros órgãos], mais de 500 pessoas estão
na fila por um transplante desde o início deste ano, de acordo com dados da
Central de Transplantes do estado. Esse número representa 9% a mais em
comparação com os registros de todo o ano de 2022.
A
espera pelo transplante de córnea lidera os registros da fila no estado, com
453 pessoas aguardando pelo órgão, seguido dos transplantes de rim, com 48, e
de fígado, com 6, segundo dados deste ano da Central de Transplantes.
Ainda
conforme informações da Central, comparando o primeiro semestre de 2022 com o
de 2023, foram realizados 18 transplantes a menos de um ano para o outro, o que
representa uma redução de 35% no número de procedimentos realizados.
Possibilidade
de entrar na fila é maior do que ser doador
Ao
CadaMinuto, a coordenadora da Central de Transplantes de Órgãos de Alagoas,
Daniela Ramos, enfatizou a necessidade de falar sobre o assunto com a população
e elencou as principais dificuldades da Central em relação à demanda e à
disponibilidade de órgãos. Ela explica que ainda existem muitas notificações
incorretas de mortes encefálicas por parte dos hospitais, o que dificulta o
processo.
“Para
acontecer transplante de órgãos e tecidos, precisa ter, além da doação
autorizada pela família, a notificação dos hospitais sobre a morte encefálica à
Central de Transplantes, pois o aviso é compulsório, no entanto, ainda existem
muitas subnotificações”, revela a coordenadora.
Ainda
de acordo com Daniela, é necessário que as pessoas conversem com seus
familiares sobre a intenção de serem doadores. “É preciso entender que a
possibilidade de entrar numa fila de transplantes é maior do que a de ser um
doador, por isso, precisamos falar sobre e esclarecer todas as dúvidas a
respeito do assunto”.
Objetivo
é esclarecer dúvidas e tabus
O Hospital
Geral do Estado (HGE) agora conta com uma nova sala exclusiva para busca de
doadores de órgãos. A sala funciona 24h, com atendimento exclusivo para o
acolhimento de familiares em possível doação de órgãos.
A
coordenadora de enfermagem da Organização de Procura de Órgãos (OPO), do HGE,
Eleonora Carvalho, reforçou que a falta de informação é um dos principais
empecilhos na busca por doadores.
Segundo
a enfermeira, “a sala tem uma localização privilegiada” para ficar próximo às
áreas críticas e facilitar a visita da equipe aos setores e grupos
assistências.
Ela
afirma que o “objetivo é conseguir o melhor acolhimento a essas famílias,
podendo esclarecer dúvidas e tabus e, assim, aumentar os índices de doações de
órgãos e tecidos”.
A
coordenadora argumenta que famílias com melhor acesso à informações e a um
espaço para esclarecer suas dúvidas durante o processo, têm maiores chances de
aceitar uma doação. Para ela, um maior acolhimento, salvará mais vidas.
“Em
caso de morte encefálica, as famílias são acolhidas desde o momento da suspeita
do diagnóstico, o que ajuda a entender todo o processo. Com a confirmação da
morte encefálica, a família já tem um vínculo com a equipe e, assim, mais
espaço para esclarecimentos e uma tomada de decisão mais consciente”, elucida a
profissional em relação à atuação da equipe da OPO.
Eleonora
conta que a noção equivocada das famílias a respeito de como ficará o corpo
após a doação é um dos principais fatores que dificulta a busca por doadores.
Segundo ela, os familiares imaginam que o corpo vai ficar deformado para o
velório.
“Nestes
casos, esclarecemos que, na verdade, o corpo será recomposto e o velório poderá
ser realizado da mesma forma que acontece nos casos de um não doador”.
Ainda
de acordo com a enfermeira, outra dificuldade é a falta de diálogo sobre o
assunto nas famílias. Assim, no momento da decisão, o desconhecimento sobre o
desejo do doador sobre a doação de órgãos, acaba sendo um grande complicador.
Como
se tornar doador?
Segundo
a legislação vigente, a lei 10.211 de 23 de março de 2001, não é necessário
deixar nada por escrito para se tornar doador, basta apenas comunicar o desejo
à família, que autorizará o procedimento.
Podem
ser doadores os cidadãos com idade acima ou igual a dois anos e abaixo de 80,
conforme autorização de um parente de primeiro grau, como irmão, cônjuge e pai
ou mãe. Além disso, é necessária a presença de duas testemunhas para a
autorização.
Os
órgãos ou tecidos são direcionados a possíveis receptores mediante a lista de
espera regulada pelo Sistema Nacional de Transplantes e de acordo com critérios
de urgência, tempo de espera e compatibilidade.
Fonte: Cada Minuto.
0 Comentários