Pela manhã, Walter Delgatti Neto falou aos parlamentares e fez diversas acusações.


Convocado para depor nesta quinta-feira (17) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atos de 8 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto recorreu ao direito de permanecer em silêncio durante a segunda parte da sua participação no colegiado.

Na primeira parte da reunião (leia mais abaixo), na manhã desta quinta, Delgatti respondeu a todos os questionamentos dos parlamentares presentes na sessão.

À tarde, porém, ao ser questionado por parlamentares da oposição, ele usou do direito de ficar em silêncio. Na noite de quarta-feira (15), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que Delgatti Neto usasse do recurso.

Entre os parlamentares da oposição que questionaram Delgatti estão os senadores Sergio Moro (União Brasil-PR) e Marcos Rogério (PL-RO), e os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Filipe Barros (PL-PR).

Delgatti Neto está preso desde o início de agosto após ser alvo da Polícia Federal (PF) por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para incluir um falso mandado de prisão contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

Em 2019, ele ficou conhecido por ter vazado mensagens do então ministro da Justiça Sergio Moro, de integrantes da Lava Jato e de outras autoridades.

Depoimento à CPMI

Apesar de ter ficado em silêncio durante a tarde, Walter Delgatti Neto respondeu a todos os questionamentos da CPMI na parte da manhã.

Em seu depoimento, o hacker disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na época em que estava no comando do Palácio do Planalto, prometeu a ele um indulto caso fosse preso em alguma ação contra as urnas eletrônicas.

Também disse que Bolsonaro citou um “grampo” contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Delgatti, o ex-presidente teria pedido para que ele “assumisse a autoria” da invasão.

Ainda durante o seu depoimento, o hacker disse que o marqueteiro de campanha de Jair Bolsonaro pediu a Delgatti para criar um “código-fonte fake” para apontar fragilidades nas urnas.

Questionado sobre o assunto, Delgatti disse que sabia que estava cometendo crimes, mas que aceitou os pedidos, pois recebeu ordens do então presidente Bolsonaro.

De acordo com o hacker, ele também orientou servidores do Ministério da Defesa na elaboração do relatório das Forças Armadas sobre as urnas. Posteriormente, o documento foi entregue ao TSE.

Relação com Carla Zambelli

Walter Delgatti Neto já depôs à PF em duas ocasiões. Em seu primeiro depoimento, ele falou sobre a relação com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e um plano para invadir sistemas do Judiciário.

Na quarta, segundo o advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, Delgatti complementou as informações prestadas no primeiro depoimento e apresentou à PF provas de que foi contratado por Zambelli para realizar as invasões em “qualquer sistema do Judiciário”.

Em entrevista a jornalistas, Moreira declarou que Delgatti recebeu R$ 40 mil pelo serviço. Zambelli nega as acusações.

“Ele faz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário. O restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário”, disse o advogado do hacker.

Nesta quinta, ao depor na CPMI, Delgatti disse que Zambelli enviou a ele um texto de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.