Após
o crime, a família do adolescente fugiu para o Espírito Santo. Polícia Civil da
Bahia concluiu o inquérito sobre morte de Hyara Flor, que apontou o cunhado de
9 anos como responsável pelo disparo.
O
adolescente de 14 anos que foi apreendido após ser apontado, inicialmente, como
suspeito de matar a esposa Hyara Flor Santos Alves, também de 14 anos, foi
liberado no início da noite desta segunda-feira (14). A saída aconteceu após a
Justiça da Bahia revogar a apreensão. O rapaz estava internado num centro
socioeducativo no Espírito Santo desde o dia 26 de julho. A informação foi
confirmada pelo advogado de defesa do adolescente.
"A
defesa não comenta o teor e as circunstâncias, mas confirma que houve decisão
de liberar o menor", disse o advogado Homero Mafra, que representa o
adolescente.
Procurado,
o pai do menino disse que também não vai comentar a decisão.
Em
nota, o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases)
informou que não pode divulgar informações sobre adolescentes que ingressam,
cumprem e/ou cumpriram medida socioeducativa de internação nas unidades da
instituição. O motivo é que a divulgação viola o princípio da proteção
integral, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O g1
entrou em contato com a Justiça baiana, que respondeu apenas que também não
poderia comentar o caso por se tratar de uma pessoa menor de idade.
O
marido de Hyara Flor havia sido apreendido no dia 26 de julho, em Vila Velha,
no Espírito Santo. Ele e a família fugiram para o estado capixaba logo após o
crime, segundo o delegado Moisés Damasceno, coordenador da 23ª Coordenadoria
Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis).
“Depois
do tiro, ele e a família dele fugiram por uma estrada de chão, que dá acesso a
Minas Gerais e de lá foram para o Espírito Santo", revelou o delegado.
A
investigação inicial apontava que o crime teria sido cometido por vingança após
um relacionamento extraconjugal entre a mãe do adolescente e o tio da vítima.
No entanto, conforme a polícia, a versão não se sustentou com provas.
Adolescente
foi morta por cunhado, aponta inquérito
No
dia 10 de julho, a Polícia Civil (PC) da Bahia finalizou o inquérito policial
sobre a morte da adolescente Hyara Flor Santos Alves, e concluiu que o tiro que
matou a adolescente foi disparado de forma acidental pelo cunhado da
adolescente, quando a criança, de nove anos, e Hyara brincavam com a arma no
quarto dela.
"A
Hyara falou: 'Finja que você vai me assaltar e como você faria'. O menor, no
manusear da arma, que estava carregada, pressionou o gatilho, ocorrendo o
disparo", disse o coordenador da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do
Interior /Eunápolis, Paulo Henrique de Oliveira.
O
anúncio do fim das investigações foi feito no dia 11 pela Polícia Civil, que
disse que a conclusão seria encaminhada para a Justiça.
Brincadeira
entre Hyara e cunhado
As
investigações apontaram que o marido de Hyara Flor estava na casa dos pais, que
fica ao lado do imóvel do casal, onde aconteceu o crime. As duas residências
têm um acesso em comum pelo fundo. Ele estava na companhia de um parente dela.
"O
menor disse que a arma caiu no chão e o irmão, que estava no outro cômodo,
descarregou a arma e colocou em cima da penteadeira".
A
versão já havia sido apontada pelos familiares do companheiro e do cunhado de
Hyara. No entanto, a família da adolescente dizia que o crime teria ocorrido
por vingança já que um tio de Hyara teria um relacionamento extraconjugal com a
sogra da garota.
"O
fato que aconteceu foi que JD [iniciais do nome da criança], que é meu filho e
cunhado de Hyara, brincando com a arma e teve um disparo acidental”, disse
Júnior Silva Alves, sogro de Hyara, em um vídeo divulgado no dia 27 de julho.
A
sogra de Hyara Flor foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma
de fogo, considerando que a pistola utilizada no crime pertencia a ela. A
Polícia Civil entendeu não existir necessidade de pedir a prisão cautelar dela.
O
delegado Robson Domingos, titular da Delegacia Territorial (DT), de Guaratinga,
disse que ela confessou ter comprado a arma em Vitória da Conquista, no
sudoeste da Bahia, após um dos filhos sofrer uma tentativa de sequestro.
"A
criança saiu do imóvel e foi para rua. O momento pode ser visto nas câmeras de
segurança, quando o menino sai com a mão na cabeça e gritava: 'me matem, eu
matei a Hyara'. Aí as pessoas entraram correndo na casa", contou o
coordenador Paulo Henrique.
Ainda
segundo a polícia, foram analisados laudos periciais, e 16 pessoas foram
ouvidas, entre elas, duas crianças que prestaram depoimento especial com a
presença de promotor de Justiça da Promotoria da Infância e da Juventude do
Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Também
foram analisadas imagens de câmera de vigilância do endereço do fato,
documentos e mensagens de celular e redes sociais, além de apurações em campo.
O
inquérito ainda indiciou um tio de Hyara For por disparo de arma de fogo. Os
tiros teriam sido disparados contra a residência do casal de adolescentes, após
a morte da jovem.
O
adolescente, ex-companheiro da vítima, apreendido no Espírito Santo, foi ouvido
por meio de vídeo conferência pela juíza da comarca de Guaratinga. De acordo
com a Polícia Civil, a permanência na internação socioeducativa será definida
pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário.
O
advogado Homero Mafra, que responde pela defesa do adolescente apreendido,
disse que a inquérito confirma a versão que era apontada pela família do jovem
desde o começo das investigações. Ainda segundo ele, a defesa espera que o
adolescente de 14 anos seja liberado o mais breve possível.
"A
conclusão que a polícia chegou, segundo as notícias, é aquela que a família
sempre sustentou: que se tratava, se tratou de um disparo acidental feito pelo
filho mais novo. Quanto às demais conclusões, nós vamos ter que examinar o
inquérito para que se possa ter uma posição, tanto no que diz respeito ao
homicídio culposo quanto ao que diz respeito ao porte de arma. Quanto a
liberação ou não depende de decisão judicial. O que a gente espera é que
aconteça mais breve possível. Tenho certeza de que nesse caso no que toca a
autoria dos disparos a conclusão está absolutamente correta e se fez
justiça", disse.
Veja
alguns pontos da investigação revelados pela polícia nesta sexta:
Resultado
do inquérito foi baseado em relatos de testemunhas e elementos periciais;
A
arma foi comprada pela mãe do adolescente em Vitória da Conquista após uma
tentativa de sequestro que o filho sofreu em Guaratinga;
O
adolescente tem entre 1,80m e 1,85m de altura, apesar de ter apenas 14 anos.
Pela posição do tiro, foi descartado que ele fosse o autor do tiro;
O
disparo foi de uma distância entre 20 e 25 cm. Ou seja, de perto;
Foi
descartado a possibilidade do crime ter sido premeditado por causa da fuga. A
família do adolescente parou em um posto de combustível, a caminho do Espírito
Santo, e completou o tanque;
Sobre
a violência doméstica: o laudo da necropsia não indicou sinais de violência
doméstica internos e externos;
Testemunhas
ouvidas pela polícia disseram, de forma unânime, que o casal tinha uma relação
harmônica;
A
versão da vingança por causa da traição não se sustentou com provas;
Relembre
o caso
Hyara
Flor foi morta após ser baleada no queixo, dentro da casa em que ela vivia com
o marido. O crime aconteceu no dia 6 de julho e a adolescente foi socorrida
para Hospital Municipal.
Dentro
da casa, foi encontrado uma pistola calibre 380, com dois carregadores e
munições. Os objetos foram apreendidos e encaminhados à perícia.
A
necropsia do corpo provou que o tiro fez com que a garota asfixiasse no próprio
sangue, até a morte.
O
crime aconteceu apenas 45 dias após o casamento dela com outro adolescente de
14 anos, que também faz parte da comunidade cigana. O jovem está apreendido no
Espírito Santo.
Fonte:
G1.
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