Uma situação que costuma despertar muitas dúvidas com relação à qualidade da água distribuída é sobre o possível aspecto esbranquiçado que ela pode adquirir em algumas localidades. “Quando isso acontece, em geral as pessoas acham que se trata de excesso de cloro nos processos de tratamento, mas isso é um mito”, afirma a engenheira sanitarista Juliana Gaspar, supervisora de qualidade da água nos 34 municípios de Alagoas atendidos pela Águas do Sertão. “Na verdade, são microbolhas de ar produzidas pela pressão que a água adquire em alguns pontos da rede, nada além disso”, explica a engenheira. Para demonstrar, ela sugere um teste caseiro bastante simples: encher um copo com água na torneira e aguardar um minuto até que as bolhas saiam e a água volte a ficar transparente. 

“A quantidade de cloro utilizada no tratamento da água, realizado pela concessionária, é controlada em uma faixa muito segura e não há qualquer chance de que haja excesso ou que isso cause problemas de saúde na população”, garante a especialista.

“A aparência esbranquiçada acontece quando a água dentro das tubulações está sob pressão. Essa pressão faz com que pequenas bolhas de oxigênio fiquem presas na água, formando microbolhas. Essas microbolhas se misturam à água e causam a aparência esbranquiçada que observamos”, complementa.

O controle de qualidade da água: amostras coletadas a cada 2 horas

Atendendo às exigências do Ministério da Saúde, a Águas do Sertão realiza em conjunto com a Casal diversas análises laboratoriais em todas as etapas do processo de tratamento da água, desde a captação até a distribuição. Essas análises avaliam cerca de 100 parâmetros físico-químicos e microbiológicos, como pH, cloro residual, turbidez, coliformes fecais, entre outros. 

As amostras são coletadas a cada duas horas tanto nas Estações de Tratamento de Água (ETAs) quanto em diferentes pontos da rede de distribuição, e os laudos são acompanhados pela Vigilância Sanitária, pela Agência de Regulação de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal), além de serem informados em um campo específico na conta de água entregue aos clientes. 

Nos municípios em que a captação, tratamento e distribuição da água são feitos exclusivamente pela Águas do Sertão, os técnicos da concessionária realizam o monitoramento da qualidade da água bruta, da água tratada na saída do processo de tratamento e na rede. Todos os procedimentos obedecem à frequência estabelecida pelo Ministério da Saúde. No caso das captações superficiais, a Águas do Sertão realiza a análise da qualidade da água bruta tratada a cada duas horas. 

Já nas captações subterrâneas, o monitoramento é feito uma vez por semana. Além da análise completa exigida pela portaria 888/21, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano, a Águas do Sertão avalia pelo menos 100 parâmetros, que são realizados por um laboratório externo.

Mas como é feito o processo de tratamento da água?

“Os métodos de tratamento variam de acordo com a fonte de captação de água”, explica Juliana. Nos poços, que contam com captação profunda e menos variação na cor e turbidez, é realizada a desinfecção com hipoclorito de sódio líquido ou tricloro. Já nas localidades que dependem de captação superficial, como nos rios, há grande variação por conta das chuvas e outros sedimentos que são arrastados. Para melhorar a qualidade da água que entra nas estações de tratamento (ETAs), são adicionados agentes coagulantes como o policloreto de alumínio (PAC) ou o sulfato de alumínio para auxiliar na etapa de floculação e decantação. Só depois de decantada é que a água passa pela desinfecção final com cloro. “O cloro é o agente desinfetante que vai matar e inativar microorganismos, bactérias e protozoários que podem causar doenças”, afirma a engenheira sanitarista. 

E quando a água fica amarelada?

“Essa é uma situação que costuma ocorrer no período de chuvas fortes, em que um grande volume de sedimentos e lama é arrastado para as estações de captação nos rios, o que deixa a água bruta com aspecto barrento”, explica. Em muitos casos, é preciso paralisar temporariamente o tratamento nas estações para aguardar que a água bruta atinja parâmetros mínimos para passar pelo tratamento sem danificar os filtros e tubulações. 

Ela assinala que todo o sistema de tratamento possui um limite de tratabilidade, que é determinado pela qualidade da água de entrada no sistema (água bruta). Apenas quando a qualidade da água bruta atinge esses limites máximos (de cor e turbidez elevados), é necessário realizar algumas intervenções como o aumento da dosagem de produtos químicos e redução da vazão de entrada e saída. Somente em último caso é preciso fazer a parada completa do sistema.

Um problema comum que pode deixar a água amarelada são os rompimentos na rede, que fazem com que sedimentos externos sejam puxados para dentro da tubulação danificada. “Nesses casos, após realizar a manutenção emergencial, os técnicos realizam descargas em alguns pontos da rede para limpar a tubulação e evitar que a água chegue fora dos padrões às residências”, afirma. Caso isso aconteça, a recomendação é a de fechar temporariamente o registro e aguardar algumas horas para que a situação seja normalizada. 

Outra forma de contaminação existente, são as ligações clandestinas. Essas ligações podem favorecer a entrada de contaminantes, como o solo, materiais sedimentáveis e até mesmo esgoto.

Juliana destaca que, ao invés de prejudicial, os produtos químicos e as etapas de tratamento utilizadas são a única forma de garantir a potabilidade da água de abastecimento, e que eles são amplamente utilizados e difundidos no mundo todo. Ou seja, o maior problema para a saúde é consumir água sem tratamento.

A Águas do Sertão conta também com o apoio da população para informar, o quanto antes, possíveis alterações percebidas no aspecto da água. Basta entrar em contato pelo atendimento no 0800 000 2122 (voz ou Whatsapp) para solicitar a visita de uma equipe de vistoria de qualidade.