Trabalhos devem ser concluídos nesta quarta-feira (19), com a fase de debates entre acusação e defesa.


Teve fim, no início da noite desta terça-feir (18), a primeira parte do Tribunal do Júri dos réus José Henrique Queiroz e Bruno Barbosa, acusados de matar o empresário Gilmário Alencar dos Santos, popularmente chamado de Gil da Funerária, crime ocorrido em fevereiro de 2021.

Os trabalhos foram suspensos pelo juiz Antonio Iris da Costa Junior, após todas as testemunhas serem ouvidas, bem como os depoimentos dos réus. O magistrado já previa essa paralisação, pois, segundo ele, a próxima fase trata-se dos debates das teses do Ministério Público e da defesa, devendo durar em torno de 9h.

Neste primeiro dia de júri popular, o plenário foi tomado por dezenas de pessoas, a maior parte deles amigos e conhecidos da vítima, que levaram uma faixa e usavam camisetas com a foto de Gil, no qual chamava a atenção para a frase: “Justiça Por Gil”.

Testemunhas

Entre as pessoas ouvidas no Júri, a primeira delas foi o delegado Gustavo Xavier, responsável pela investigação e captura dos réus. Ele reforçou aspectos da investigação e respondeu perguntas do membro do MP, advogados de acusação e dos advogados de defesa.

Em seguida, dois parentes da vítima foram prestar seus depoimentos, o primeiro deles, o empresário Gilmar, pai da vítima. Em diversos momentos ele relembrou que seu filho era uma pessoa pacata e bem quisto por muitos na cidade.

A ex-mulher de Gilmário Alencar, chamada Alana dos Santos também trouxe seu testemunho e muita emoção para o Tribunal. Ela declarou que seu ex-companheiro tinha uma relação muito próxima com o réu José Henrique, mas que a própria nunca gostava dessa amizade e inclusive se queixava para ele.

A terceira testemunha foi Cheila Pereira, ex-funcionária de José Henrique, que trabalhava no Lava Jato onde ocorrera o crime. Numa participação virtual, ela afirmou que não presenciou o crime, pois horas antes seu patrão pediu para ela sair e encontrar uma outra pessoa que pagaria algum tipo de dinheiro. Apesar da espera, ela voltou sem nenhuma quantia, horas depois.

Na sequência viria uma testemunha importante, uma das pessoas que no começo das diligencias da polícia havia sido alvo de investigação, mas que acabou não sendo denunciada. Trata-se do Edson Marias, mais conhecido por Lula Som. No Júri, ele confessou que buscou o Henrique em Arapiraca e somente lá soube do crime contra Gilmário.

Em seu testemunho, Lula Som enfatizou que se sentiu coagido por José Henrique, desde que ele revelou o crime. Após o depoimento desta testemunha, o magistrado fez uma breve pausa para o almoço.

Por volta das 15h o Júri foi retomado e a próxima testemunha ouvida seria Fernanda Machado, mulher de José Henrique. Também bastante emocionada. “Ele é um pai muito carinhoso, marido muito brincalhão. Nunca vi ele em qualquer situação suspeita”, disse em parte.

Fala de Bruno

Terminada as testemunhas, chegava a vez dos réus falarem, e o primeiro deles foi Bruno Barbosa, acusado que trabalhava para José Henrique no Lava Jato. Ao ser questionado sobre sua participação no crime, ele disse que voltou do seu horário de almoço e se deparou com o corpo do Gil sem vida, além de uma discussão entre José Henrique e Caetano (terceiro envolvido no homicídio, que morreu em confronto com a polícia).

“Nesse dia trabalhei até meio dia, vi quando o Gilmário entrou com José Henrique numa sala [do Lava Jato], que eu num tinha acesso nenhum, depois entrou o Caetano. Após uns 20 minutos o Henrique veio e me liberou para o almoço”, disse ele.

Em todo momento da sua fala Bruno negou ter participado do homicídio, confessando que após a descoberta da morte foi coagido pelos outros dois comparsas e por isso participou da destruição do cadáver de Gil da Funerária.

Versão de José Henrique

O segundo acusado do crime que chocou o Sertão de Alagoas trouxe também sua defesa, inclusive com a possível motivação que culminou com a morte de Gil. José Henrique alegou que teria acordado com a própria vítima um falso sequestro, com o fim de sua família pagar um resgate e com esse dinheiro se livrar de uma suposta dívida que ele teria com uma pessoa da cidade de Arapiraca.

Essa versão, trazida pelo réu neste dia do júri popular, é diferente da contada em depoimento à Polícia Civil, no dia em que ele foi capturado. Dias antes da sessão de hoje, circulou um vídeo de Henrique falando essa mesma história, numa audiência de instrução do processo. O réu diz que foi coagido e forcado a dar a primeira versão, devido a pressão da polícia.

Henrique sustentou que o suposto sequestro teria dado errado porque Gilmar contou para Caetano, que decidiu pôr fim a vida da vítima. Henrique declarou que Gil pediu para ele levar sua caminhonete até a cidade de Arapiraca e que quando ele voltou já encontrou a vítima sem vida. O ex-dono do Lava Jato confessou, assim como Bruno, a destruição do cadáver.

Fonte: Alagoas na Net.