Em
2023, quatro casos foram confirmados no Ceará; não há registro de óbito por
febre maculosa na região.
O
Nordeste registrou apenas uma morte por febre maculosa nos últimos 15 anos, o
registro do óbito foi feito no estado de Pernambuco, em 2015. Em relação aos
casos, o Ceará lidera os registros no Nordeste e é o único estado da região com
casos em 2023. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas o Sudeste registrou
óbitos este ano.
A
Agência Tatu teve acesso ao histórico de casos de febre maculosa no Brasil e
identificou que o Norte e o Nordeste foram as regiões com o menor número de
mortes causadas pela doença: uma em 2009 no Tocantins e outra em 2015 em
Pernambuco, respectivamente. Os dados são das notificações recebidas pelo
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
Mortes
por febre maculosa no Brasil entre 2008 e 2023
Maior número de óbitos foi registrado na região Sudeste
Em
2023, até o fechamento desta matéria, não houve registro de óbitos em nenhuma
das duas regiões. Em todo Brasil, as 11 mortes registradas se concentram no
Sudeste, sendo nove em São Paulo, uma em Minas Gerais e outra no Rio de
Janeiro. São 60 casos confirmados no país este ano.
Como
os casos são registrados primeiro pelas secretarias estaduais de Saúde, a
Agência Tatu realizou um levantamento com as pastas e identificou que no
Nordeste há quatro casos confirmados e 12 sob investigação.
Casos
de febre maculosa no Nordeste em 2023
Sete
estados não registaram casos da doença este ano; apenas o Ceará
Os
quatro pacientes diagnosticados - já recuperados - são do Ceará, onde outros
dez entraram na lista como casos suspeitos. No Piauí duas pessoas estão com
casos em investigação.
Série
histórica do Nordeste
O
Ceará foi o estado do Nordeste com o maior número de pacientes com febre
maculosa nos últimos 15 anos. De acordo com dados do Sinan, entre 2008 e 2023
foram 21 casos no estado. A Bahia registrou 13 episódios e os estados do
Maranhão, Paraíba e Pernambuco registraram somente um caso cada. Nesse mesmo
período, não houve qualquer registro da doença em Alagoas, Rio Grande do Norte,
Sergipe e Piauí.
Histórico
de casos de febre maculosa por região
Dados
do Ministério da Saúde entre 2008 e 2022
A
médica infectologista Mardjane Lemos explica que a diferença de incidência de
casos entre as regiões está relacionada ao cenário preferencial para a
proliferação da bactéria. “Aqui no Nordeste a gente não tem o bioma favorável
ao transmissor. Já nas regiões sul e sudeste temos a presença do reservatório
preferencial mais importante da bactéria da febre maculosa: a capivara, que é
hospedeiro, e o carrapato-estrela, o vetor que passa a doença do animal para os
humanos”, esclarece a médica.
Mardjane
diz que a atenção e vigilância dos órgãos públicos devem ser constantes, mesmo
que a febre maculosa não seja uma doença comum na região Nordeste. “Não estamos
isentos de riscos, já que o carrapato pode se adaptar e ser encontrado em
outros animais, assim como a bactéria pode eventualmente infectar outras
espécies de carrapato. É possível que a doença chegue em qualquer bioma, pois
quanto mais a gente se aproxima do território dos animais, mais há exposição a
doenças. Quem tem contato com animais deve sempre manter os cuidados
necessários”, alerta.
Sintomas
e diagnóstico
A
médica lembra que a febre maculosa tem sintomas agudos graves, como febre alta
repentina com calafrios e dores no corpo, além de manchas arroxeadas na
pele. “Na nossa região, a doença mais
frequente que tem sintomas parecidos é a meningite meningocócica. Então, a
partir dos sintomas, a febre maculosa entra como diagnóstico secundário, já que
não é comum por aqui”, pontua ao reforçar que em qualquer caso o paciente deve
procurar imediatamente o atendimento médico.
Por
ser uma doença rara, o exame para realizar o diagnóstico é de alta
complexidade, feito por biologia molecular, que não está disponível em todos os
estados. Por isso, a infectologista Mardjane detalha que o tratamento é feito
de imediato, antes mesmo da confirmação, ao considerar que a doença pode
provocar complicações graves e levar ao óbito.
“O
diagnóstico é clínico epidemiológico, assim como acontece nas suspeitas de
dengue, chikungunya e zika. As medidas precisam ser rápidas. Se acontecer algum
caso em Alagoas, por exemplo, a gente vai fazer a suspeita clínica e enviar a
coleta do exame a um laboratório de referência, mas enquanto isso o tratamento
já é iniciado com antibiótico”, pontua a médica.
A
febre maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim,
infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii. O carrapato-estrela não é o
carrapato comum, encontrado geralmente em cachorros, mas se trata da espécie
Amblyomma cajennense, que pode ser encontrada em bois, cavalos, cães, aves
domésticas, gambás, coelhos e especialmente na capivara. O Ministério da Saúde
oferece orientações detalhadas sobre prevenção em site dedicado ao assunto.
Fonte:
Agência Tatu.
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