Uma consulta ao site do conselho
mostra que o registro do acusado consta como “ativo”.
Desde junho, Jairo Souza Santos Júnior, preso pela morte do menino Henry Borel, pode usar novamente o título de doutor em seu nome. Isso porque terminou o prazo regulamentar de um ano da interdição cautelar do seu registro aplicada pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj). Na entidade, ainda tramita um processo ético-disciplinar, sob sigilo, que apura a conduta de Jairo no atendimento da criança na noite do crime. Na conclusão desse procedimento, o registro dele poderá ser ou não cassado definitivamente.
Uma consulta ao site do conselho
mostra que o registro do acusado consta como “ativo”. O Cremerj explicou que
uma interdição cautelar tem duração de seis meses e pode ser aplicada no máximo
duas vezes. A primeira punição a Jairo foi em junho de 2021, e a segunda, em
novembro do mesmo ano. De acordo com a entidade, as duas medidas cautelares
terminaram antes da conclusão do processo cujo “andamento acaba ficando mais
lento” na fase final.
Redução de pena
Quando anunciou a suspensão do
direito de Jairo de exercer a medicina em 2021, o então presidente do Cremerj e
atual conselheiro do órgão, Silvio Provenzano, explicou que a decisão impedia o
acusado de realizar atendimentos médicos.
— Embora preso, com o registro
ativo, ele poderia exercer a medicina, inclusive como forma de reduzir a sua
eventual pena. A decisão prévia levou em conta o fato de ele ter causado dano
ao paciente (o menino Henry) por ação ou omissão, por imprudência, imperícia ou
negligência — disse ao GLOBO, na época.
Segundo o professor de direito
penal da PUC-Rio Breno Melaragno, a Constituição prevê ser direito do preso
trabalhar. Caso Jairo comece a exercer a medicina na cadeia, ele pode ser
beneficiado com uma redução de pena em uma eventual condenação:
— A cada três dias trabalhados,
se reduz em um dia a pena. Ele poderia pedir até para mudar de presídio para
trabalhar — explica o especialista.
O advogado Claudio Dalledone, que
defende Jairo, negou que ele esteja clinicando dentro da cadeia. A Secretaria
de Administração Penitenciária informou que “a única atividade laborativa que o
privado de liberdade Jairo Souza Júnior exerce é a de auxiliar de serviços
gerais”.
Ao criticar a revogação da
suspensão do registro, o engenheiro Leniel Borel, pai de Henry, disse ter
pedido ao Cremerj a sua habilitação e a de seu advogado, Cristiano Medina, para
atuar no processo na entidade:
— É um absurdo este monstro ainda
se apresentar como Dr. Jairinho e beneficiar-se desse título para ter regalias
dentro de Gericinó e clinicar para outros presos.
Jairo, que era vereador na época
do crime, teve seu mandato cassado pela Câmara Municipal do Rio.
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