Pedro Augusto Ferreira
Alves, de 8 anos, caiu na tarde de domingo (21), enquanto brincava em Carmo do
Paranaíba; ele foi socorrido com vida, mas não resistiu. Delegado deve ouvir
familiares e responsáveis pelo terreno.
A Polícia Civil vai
instaurar inquérito para investigar a morte de Pedro Augusto Ferreira Alves, de
8 anos, que morreu após cair e ficar preso por 18 horas em um buraco de
aproximadamente 8 metros de profundidade por 30 centímetros de diâmetro, em
Carmo do Paranaíba.
O menino caiu por volta de
15h de domingo (21) e foi retirado do local pouco antes das 10h desta
segunda-feira (22) por equipes do Corpo de Bombeiros. A família alega que não
havia sinalização no terreno onde a criança foi brincar com a prima.
O corpo de Pedro foi
liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Patos de Minas e foi levado para
a funerária de Carmo do Paranaíba. O velório está marcado para as 8h e o
sepultamento vai ocorrer as 10h.
Investigação
De acordo com o delegado
Hiago Marciano, o inquérito foi iniciado. O processo de apuração já começou, e
testemunhas e pessoas envolvidas no caso, como familiares e responsáveis pelo
terreno, devem ser ouvidas nos próximos dias.
Em nota, a Polícia Civil
também informou que a perícia técnica compareceu ao local para realização de
levantamentos. Foi detectado que a área onde ocorreu o acidente se trata de um
loteamento particular, aparentemente sem sinalização. Ainda conforme o
delegado, o laudo da necropsia também será anexado ao processo investigativo.
Em nota, a Atr+ Construtora
Ltda expressou pesar pela morte do menino e informou que uma empresa
terceirizada executava obras para a instalação de um reservatório d’água no
local. "(..) Esclarece que Loteamento Alta Vila é um empreendimento de sua
propriedade, devidamente aprovado, licenciado e registrado pelos órgãos
públicos competentes." A empresa se colocou à disposição das autoridades
para os esclarecimentos.
O acidente
Tudo teve início por volta
das 15h de domingo (21), quando a criança saiu para brincar com uma prima. Os
dois foram em um local de obras, que, segundo a família, não havia sinalização.
Durante a brincadeira, a criança escorregou e caiu no buraco. A mãe de Pedro,
Paloma Barbosa, acompanhou o atendimento dos bombeiros.
“Ele disse 'mamãe, eu vou
brincar'. Ele estava com a prima dele quando vieram para cá. Ela contou que ele
escorregou e caiu dentro do buraco. Pensamos que era uma brincadeira e, quando
a gente chegou para ver, realmente ele tinha caído nesse buraco", relatou
a mãe.
Local "meticuloso"
Segundo o tenente-coronel do
Corpo de Bombeiros, foram 16 horas até a retirada da vítima do local. Durante a
ocorrência, diversas estratégias foram estudadas. O local era classificado
pelos bombeiros como “meticuloso”, pois havia risco de desabamento de terra.
“Inicialmente foi tentado um
içamento da criança. Aí depararam com a situação do terreno, que é uma área de
aterro, oferecia muita instabilidade, e o içamento não teve êxito”, explicou o
tenente-coronel dos bombeiros, Thiago Lacerda Duarte.
Após entenderam a situação,
mais equipes foram chamadas no local e houve uma nova discussão para avaliar as
táticas para o resgate. “Nós trouxemos o maquinário para fazer um acesso
rampante, depois fizemos uma escavação horizontal, até mesmo manual, e
conseguimos acessar o duto onde a criança estava presa”, completou o Duarte.
Momentos críticos
Ainda conforme o
tenente-coronel, houve dois momentos críticos durante a ocorrência. O primeiro
foi na hora de decidir qual foram seria a abordagem adotada, devido ao risco de
desmoronamento de terra sobre a criança. Porém, a situação também oferecia
risco aos militares.
A criança caiu em um buraco
de 8 metros profundidade, porém, ficou presa pela perna a 6 metros, devido ao
fato do buraco ser apertado. A tentativa final de resgate dos bombeiros ocorreu
cavando um buraco paralelo ao que o menino caiu.
Em seguida, cavaram
horizontalmente até chegar em um ponto um pouco abaixo de onde a criança
estava. Enquanto a equipe cavava na horizontal, foi feita uma proteção com um
tubo para que a terra não desabasse. Assim, foi possível chegar até onde o
garoto estava, retirá-lo e levá-lo à superfície.
“Depois, na fase final da
escavação horizontal, onde os militares tiveram que ficar na profundidade de 6
metros, correndo risco de o volume de terra do talude ceder sobre eles”,
detalhou o militar.
Pedro Augusto também
precisou de ajuda para se alimentar e receber oxigênio. “Ontem desde que
chegamos, nós fizemos administração do oxigênio através de um duto [...] Também
descemos alimentação líquida para ele e mantivemos contato verbal com ele o
tempo todo”, finalizou o tenente-coronel.
Ainda segundo os bombeiros,
a temperatura em Carmo do Paranaíba chegou a 9ºC durante a noite. No entanto,
dentro da cavidade, a marcação foi superior, mas não previsada ao certo pelos
militares.
Saída do menino
Conforme os bombeiros, a
retirada de Pedro do local ocorreu por volta das 9h45, cerca de 18 horas após a
queda. Ele estava com baixo nível de consciência e com suspeita de parada
cardiorrespiratória.
Em nota, a Prefeitura
informou que foram realizados procedimentos para socorro imediato do menino e,
em seguida, ele foi conduzido até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Adolpho
Pereira de Rezende. Ele, no entanto, não resistiu e morreu. Não foi confirmado
se o óbito ocorreu a caminho do hospital ou já nas dependências da UPA.
Vinte bombeiros e
voluntários trabalharam no resgate.
Fonte: G1.
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