Operação apreende cerca de
R$ 6 milhões em bens e dinheiro; organização usava empresa MinasCred para
aplicar o golpe.
A Polícia Civil de Alagoas,
por meio da Divisão Especial de Combate à Corrupção (Deccor), realizou na manhã
desta quinta-feira (28) uma operação com o objetivo de coibir as atividades de
um grupo criminoso envolvido na prática de estelionato, lavagem de capitais e
organização criminosa. A ação foi comandada pelos delegados José Carlos,
coordenador da Deccor e Lucimério Campos, titular da Seção Especializada no
Combate a Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Secotap).
Policiais civis da Secotap,
Núcleo de Inteligência (NI) da Delegacia Geral e do Tático Integrado de Grupos
de Resgate Especial (Tigre) deram cumprimento a mandados de busca e apreensão,
expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, em seis locais, e que resultaram
na apreensão de bens, estimados em cerca de R$ 6 milhões, e R$ 100 mil, em
dinheiro. Entre os bens, estão três carros de luxo, uma casa (num condomínio de
luxo na Serraria) e dois apartamentos (no Farol e na Pajuçara), também de luxo.
Os mandados tiveram parecer favorável do Grupo de Atuação Especial de Combate
ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado (MPAL).
O golpe, descoberto a partir
de investigações que duraram cerca de dois anos, era aplicado a partir de
atividades da empresa MinasCred, localizada na Rua Barão de Penedo, em Maceió,
que funciona como uma empresa de empréstimos consignados a pessoas físicas,
especialmente a servidores públicos.
De acordo com as
investigações, servidores superendividados eram cooptados a realizar
empréstimos consignados, mesmo sem margem consignável, a fim de quitar débitos
com bancos e correspondentes, sendo que tais serviços fornecidos pela líder da
organização onerava excessivamente os “clientes”, que além de concordarem com
negócios dos quais não tinham qualquer noção de valores e juros, ainda eram
obrigados a fornecerem senhas, abrirem contas e assinarem papéis, tudo às
cegas.
Ao recepcionar as vítimas endividadas
e sem margem consignável, os integrantes do grupo as convenciam pagar uma taxa
de serviço de 15% sobre as dívidas já contratadas para em seguida contratar
novo empréstimo, cujo valor nunca chegava a essas vítimas. A elas, eram pagos
apenas valores definidos pelo grupo criminoso. Para concretizar o golpe, eles
diziam que liberariam a margem consignável, mas o novo empréstimo – com valores
bem superiores – acabavam nas mãos dos golpistas.
Segundo o delegado Lucimério
Campos, a estrutura da MinasCred era usada para essa transação e os valores
eram creditados nas contas criadas apenas para receber o empréstimo. Em
seguida, operadores da líder do grupo efetuavam saques e transferência para
contas da estelionatária.
Além da líder da
organização, de 51 anos de idade, também faziam parte do grupo o marido dela,
de 66 anos, dois filhos, um contador e laranjas que faziam os saques do
dinheiro resultante do golpe.
A polícia acredita que mais
de 100 pessoas tenham sido vítimas do crime, e revelou que a mulher, acusada de
liderar a organização criminosa, já atua desde 2005 no mercado, em Maceió.
O delegado Lucimério Campos
disse ainda que, com a divulgação do caso, outras pessoas vítimas do golpe
podem comparecer à Secotap, no Complexo de Delegacias Especializadas (CODE), no
bairro de Mangabeiras, para prestarem esclarecimentos sobre os fatos, e seus
casos serem também objeto de análise e investigação pela unidade especializada
da Polícia Civil alagoana.
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