O
homem tem 25 anos e será indiciado pelos crimes de ameaça, intolerância
religiosa e homofobia. O inquérito policial será enviado à Justiça.
A
Polícia Civil de Alagoas concluiu nesta terça-feira, 28, o inquérito que
investigou ameaças contra a pastora Odja Barros, da Igreja Batista de Maceió,
feitas por meio das redes sociais, após a celebração religiosa de um casamento
homoafetivo, entre duas mulheres. O homem tem 25 anos e será indiciado pelos
crimes de ameaça, intolerância religiosa e homofobia. O inquérito policial será
enviado à Justiça.
A
delegada Luci Mônica, designada em caráter especial pelo delegado-geral Carlos
Reis para apurar o caso, informou que o autor das ameaças foi identificado,
localizado e ouvido pela Polícia Civil na manhã de hoje. Trata-se de um jovem
de 25 anos, que reside na Capital.
Segundo
Luci Mônica, ao ser interrogado, o suspeito confessou a autoria das ameaças
contra a pastora Odja. “Em longo depoimento ele disse que não concorda com
casamento de pessoas do mesmo sexo, como também não concordava com ateus. Disse
ser uma pessoa cristã, e que era um teólogo, um estudioso da bíblia, e por isso
não concordava com estas práticas”, revelou a delegada.
A
autoridade policial disse ainda que, ao ser perguntado sobre a arma usada na
ameaça à pastora, o homem disse que não era dele e que foi uma imagem que
alguém o teria enviado, também pelas redes sociais.
Luci
Mônica revelou que para identificar o suspeito, além dos policiais civis da
Delegacia do 9º Distrito Policial, da qual é titular, teve a colaboração da
equipe da Delegacia de Crimes Cibernéticos, ligada à Divisão Especial de
Investigação e Capturas (Deic) e do Grupo Especial de Apoio à Investigação
Geai), da PCAL.
O
caso
Uma
pastora da Igreja Batista celebrou pela primeira vez um casamento homoafetivo.
Odja Barros concedeu a benção a duas mulheres em Maceió, no sábado, 11, em um
dos primeiros matrimônios realizados por pastores batistas no país entre duas
pessoas do mesmo sexo.
A
cerimônia uniu o casal Tuane Alves, 29 anos, e Erika Ribeiro, também de 29, em
um salão de festas da capital alagoana. A bênção religiosa foi vista como um
marco, pois a denominação batista é considerada uma das mais tradicionais e
conservadoras igrejas evangélicas do Brasil. Apesar de outros matrimônios entre
pessoas LGBTQI+ terem sido realizados por pastores da igreja, esse foi o
primeiro celebrado por uma mulher.
Dias
depois, a filha da pastora, Alana Barros, confirmou que depois de a celebração
religiosa se tornar pública, Odja Barros passou a receber ameaças. "Minha
mãe é a pastora Odja Barros, doutora e teóloga feminista há mais de 20 anos.
Desde a veiculação da notícia de que celebrou um casamento homoafetivo vem
sofrendo uma enxurrada de comentários e ameaças no seu Instagram. O ódio
religioso é terrível!", escreveu a jovem em uma postagem em seu perfil no
Twitter.
No
dia 15, a pastora foi recebida pela superintendência de políticas para os
Direitos Humanos e a Igualdade Racial, junto à secretária Maria Silva, que realizaram
a oitiva do caso. Após o encontro, o encaminhamento foi a reunião na Delegacia
Geral da Polícia Civil pra garantir a investigação e os procedimentos de
segurança da religiosa.
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