De acordo com o delegado Cayo Rodrigues, foi apreendido na Paraíba, junto ao líder da organização criminosa responsável pelas fraudes, instrumentos como ponto eletrônico, utilizados pelo grupo para os atos ilícitos.


Na tarde desta quinta-feira (21), a Polícia Civil de Alagoas (PC/AL) forneceu mais detalhes sobre a operação que investigou possíveis fraudes em concursos públicos no estado. Durante entrevista coletiva, os delegados responsáveis pela investigação das possíveis fraudes nos concursos das polícias do estado de Alagoas explicaram como funcionaram as ações fraudulentas.

De acordo com o delegado Cayo Rodrigues, foi apreendido na Paraíba, junto ao líder da organização criminosa responsável pelas fraudes, instrumentos como ponto eletrônico, utilizados pelo grupo para os atos ilícitos.

Os valores pagos pelos candidatos para a organização variam de acordo com o cargo, continua o delegado, mas em média um valor de entrada de cerca de R$ 10 mil reais, após a aprovação deveria ser efetuado um pagamento de R$ 40 mil.

Um grupo se dirigia até o local de provas e, durante os primeiros minutos de aplicação, a levava para um ambiente externo, entregava a prova atual e voltava com uma prova antiga, a qual fingiam responder.

Na coletiva também foi dito que a organização criminosa contava com a participação de professores, que corrigiam as questões e enviavam as respostas pelo ponto eletrônico.

Ainda segundo o delegado Cayo Rodrigues, a Cebraspe, banca organizadora do certame, colaborou com as investigações. Até o momento não há indícios de seu pessoal tenha vazado o gabarito da provas.

Os próximos passos da investigação, divulgados pelos delegados, são a análise dos dados arrecadados na Operação Loki, oitivas e novas diligências, além do cumprimento de mandados de prisão em aberto.

A PC/AL informou que há possibilidade de colaboração premiada e novas prisões. Outros concursos da segurança pública também devem ser investigados.

Quatro estados

A Polícia Civil esteve presente em quatro estados, Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Paraíba, e cumpriu  83 mandados de busca e apreensão, resultando em 12 prisões preventivas.

De acordo com o delegado Gustavo Xavier, um dos candidatos aprovados, provavelmente de forma fraudulenta, no certame, foi preso em sua residência com 1 kg de entorpecentes. Em outra casa, uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma de fogo.

Foram apreendidos 70 aparelhos celulares, 18 notebooks, 6 computadores, 3 pontos eletrônicos e 129 mil reais em espécie.

A operação Loki, como ficou conhecida, foi assim chamada pois Loki, na mitologia nórdica, é o deus da trapaça.

Operação

Na manhã desta quinta-feira (21), a polícia realizou uma operação em Alagoas, Pernambuco, Sergipe e Paraíba, e prendeu uma organização criminosa suspeita de fraudar concursos públicos. Entre os presos está o ex-militar alagoano Flávio Luciano Nascimento, de 38 anos, acusado de chefiar e organizar o grupo.

A Operação foi coordenada pela PC e cumpriu nove mandados de prisão e 41 mandados de busca e apreensão domiciliar - a polícia, porém, ainda não divulgou os locais. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça de Alagoas.

De acordo com a Polícia Civil da Paraíba, o grupo é suspeito de fraudar os concursos da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros do estado de Alagoas.

Flávio Luciano já havia sido alvo da Operação Gabarito, na Paraíba, ação que desarticulou uma organização criminosa suspeita de fraudes em concursos público municipais, estaduais e federais.

Na execução da operação, foram empregados 250 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães de Pernambuco e Alagoas.

O delegado-geral, Carlos Reis, afirmou que as equipes tiveram uma orientação do secretário Alfredo Gaspar e do governador Renan Filho para fazer uma investigação profunda sobre as evidências de fraudes nos concursos das polícias dos estados.