Com a venda direta, ele vai
cair à metade do preço. Não justifica na origem custar R$ 50 e na ponta da
linha custar R$ 130.
O presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) disse, nesta quarta-feira (29), que o preço do gás de cozinha
poderá cair pela metade "se Deus quiser". Ele voltou a defender a
redução de impostos vinculados ao produto como saída para a queda nos valores.
Bolsonaro afirmou que o
preço do botijão de gás poderia cair pela metade se os impostos fossem zerados.
"Com a venda direta, ele vai cair a metade do preço. Não justifica na
origem custar R$ 50 e na ponta da linha custar R$ 130. Esse preço vai cair pela
metade, pode ter certeza, se Deus quiser."
A afirmação foi feita
durante visita a Boa Vista, em Roraima. A agenda fez parte da comemoração de
mil dias do governo Bolsonaro.
Em discurso, o presidente
celebrou ainda a decisão do governador de Roraima, Antônio Denarium (PP), de
reduzir o valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no
estado. Aliado de primeira hora do presidente, Denarium aproveitou o ato para
sancionar uma lei estadual que reduz a alíquota do tributo sobre o gás de
cozinha de 17% para 12%.
"No início do ano,
zerei os impostos federais no gás de cozinha, a mesma coisa vem fazendo o nosso
governador Wilson Lima do Amazonas. O preço do gás onde é engarrafado no
botijão de 13kg está na casa dos R$ 50. Não justifica na ponta da linha estar
custando em média R$ 130", disse Bolsonaro.
Apenas em 2021, no Brasil, o
preço médio do botijão de 13 quilos subiu 30%. No ano, a Petrobras aumentou seu
preço de refinaria em 38%, acompanhando a recuperação do petróleo e a
desvalorização cambial.
O cenário vem levando
famílias de baixa renda a optar por lenha ou carvão para cozinhar, o que gerou
no Congresso um esforço para aprovar um subsídio para a compra do combustível.
A escalada da cotação
internacional do propano, matéria-prima para o gás de cozinha, joga ainda mais
pressão sobre os preços.
Impulsionada pela demanda
chinesa por matérias-primas petroquímicas, a cotação do propano na região do
Golfo do México, nos Estados Unidos, subiu quase 15% em um mês. Em 2021, o
valor do produto tem alta acumulada de 96%.
A Petrobras não reajusta o
preço do gás de cozinha desde o início de julho, quando promoveu aumento de 6%,
e vem operando abaixo da paridade de importação calculada pela ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) há três semanas consecutivas.
Nesta terça-feira (28),
durante evento na cidade de Teotônio Vilela (AL), Bolsonaro esteve ao lado do
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que defendeu que o
ICMS para combustíveis tenha um valor fixo e não uma alíquota variável de
acordo com o preço do produto nos postos.
Em Roraima, Bolsonaro disse
que Arthur Lira garantiu que colocará em votação nesta quarta ou quinta, na
Câmara, um projeto para determinar um valor fixo do ICMS a ser arbitrado pelos
governadores.
"Não estamos
interferindo no ICMS, afinal isso não é competência minha. Mas, quando cada
estado fixar um valor, vocês poderão comparar esse valor com o valor do imposto
federal, com a margem de lucro do dono do posto, bem como no valor do
transporte. Vocês saberão a causa do valor do diesel, da gasolina e do etanol
está no valor atual", disse o presidente.
Bolsonaro ainda afirmou que
não quer confronto com os governadores, mas sim um entendimento em prol da
redução do valor da gasolina. O presidente reafirmou que não fez aumentos nos
preços dos impostos ligados aos combustíveis desde o início do governo.
Bolsonaro foi a Roraima
acompanhado dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional),
Bento Albuquerque (Minas e Energia), João Roma (Cidadania), Luiz Eduardo Ramos
(Secretaria-Geral) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), que participaram da
cerimônia.
Vereador do Rio de Janeiro,
Carlos Bolsonaro (Republicanos) também acompanhou a visita, assim como o
ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, atualmente secretário de Assuntos
Estratégicos da Presidência. Deputados federais, estaduais e senadores também
estiveram na agenda.
Os atos fazem parte de uma
sequência de eventos de Bolsonaro para celebrar a semana em que completa mil
dias de mandato, momento em que registra o pior patamar de reprovação ao
governo desde que tomou posse.
A ideia do presidente é
fazer viagens para todas as regiões do país, num esforço concentrado para
apresentar entregas como estradas, casas populares e até hidrelétricas.
Com as viagens e os eventos,
Bolsonaro espera recuperar parte da sua popularidade. Segundo o Datafolha
divulgado na semana passada, 53% da população considera a gestão do presidente
ruim ou péssima, um novo recorde.
Na agenda em Roraima, o
presidente Bolsonaro inaugurou a Usina Termelétrica de Jaguatirica, assinou
contrato sobre concessão de aeroportos e fez transferência de glebas do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para o estado.
Pela manhã, na chegada a Boa
Vista, apoiadores fizeram um passeio de moto para saudar Bolsonaro. A comitiva
presidencial fica na capital de Roraima ao longo da tarde para encontros
políticos.
A cerimônia em que Bolsonaro
participou pela manhã inicia a fase de testes da Usina Termelétrica Jaguatirica
II em Roraima, o único estado brasileiro que não está conectado ao SIN (Sistema
Integrado Nacional). Anteriormente, a transmissão de energia do estado vinha da
Venezuela, mas foi definitivamente interrompida em 2019, com a crise econômica,
social e política no país vizinho.
A construção do complexo foi
resultado de um leilão feito em 2019 pela Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica) para atender Boa Vista e regiões conectadas com energia elétrica. A
vencedora do pleito foi a empresa Eneva, que investiu R$ 1,8 bilhão no projeto.
A usina deve abastecer cerca de 70% do consumo de energia em Roraima a partir
do gás natural extraído do campo de Azulão, no Amazonas, e o material
liquefeito será enviado até o local por rodovia.
A previsão é que a usina
entre em operação comercial ainda este ano, substituindo a energia gerada por
termelétricas que atualmente operam com óleo diesel, mais poluentes e custosas
-o sistema isolado de Roraima custa, em média, R$ 8 bilhões por ano e R$ 5
milhões diários. Essa despesa é dividida entre todos os consumidores de energia
elétrica do país na Conta de Consumo de Combustível (CCC).
Para que Roraima seja ligada
ao Sistema Integrado Nacional, existe o projeto do Linhão de Tucuruí, que
ligaria Manaus (AM) a Boa Vista por meio de 720 quilômetros de torres de
transmissão, que está pendente há dez anos porque parte da obra atravessaria a
Terra Indígena Waimiri-Atroari, entre os dois estados.
Os indígenas eram contra a
instalação das torres, mas recentemente aceitaram discutir a possibilidade sob
a condição de que o governo federal faça compensações socioambientais e evite a
danificação do território. O Ministério de Minas e Energia afirma que a linha
de transmissão está em fase final de licenciamento ambiental e que, após a
aprovação, as obras devem durar cerca de 36 meses.
Bolsonaro também celebrou a
assinatura de contratos de concessões por 30 anos de sete aeroportos da Região
Norte: Boa Vista (RR), Manaus (AM), Tabatinga (AM), Tefé (AM), Porto Velho
(RO), Rio Branco (AC) e Cruzeiro do Sul (AC). A vencedora do leilão foi a
empresa francesa Vinci Airports SAS, que já opera o aeroporto de Salvador (BA)
e arrematou os sete terminais da região Norte por R$ 420 milhões.
1 Comentários
A resposta para a alta dos preços está na própria reportagem: Apenas em 2021, no Brasil, o preço médio do botijão de 13 quilos subiu 30%. No ano, a Petrobras aumentou seu preço de refinaria em 38%, acompanhando a recuperação do petróleo e a desvalorização cambial.
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