Uso emergencial da vacina foi aprovado hoje pela Anvisa.
Logo após a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado o uso emergencial da CoronaVac,
vacina contra o novo coronavírus produzida pelo Instituto Butantan em parceria
com a farmacêutica chinesa Sinovac, o governo paulista aplicou a primeira dose
no país.
A primeira pessoa vacinada
fora dos estudos clínicos foi Mônica Calazans, de 54 anos, enfermeira, negra e
moradora da zona leste da capital. Ela, que atua na linha de frente contra a
covid-19 no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, foi vacinada no fim da
tarde no Instituto Butantan. Até então, as únicas pessoas do país que haviam
tomado a vacina faziam parte dos testes clínicos.
Mônica tem perfil de alto
risco para a covid-19. Além de trabalhar diretamente na linha de frente, ela é
obesa, hipertensa e diabética. É viúva e mora com o filho, de 30 anos. Nenhum
dos dois, até este momento, se infectou com a doença, mas o seu irmão caçula,
um auxiliar de enfermagem de 44 anos, chegou a ficar internado por 20 dias.
Antes de ser vacinada, Mônica chorou, emocionada, e agradeceu.
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Mônica foi vacinada por
Jéssica Pires de Camargo, 30 anos, enfermeira de Controle de Doenças e Mestre
de Saúde Coletiva pela Santa Casa de São Paulo. Após ser vacinada, Mônica
recebeu um selo simbólico onde estava escrito "Estou Vacinado pelo
Butantan" e uma pulseira com a frase "Eu me Vacinei".
Em entrevista coletiva, a
enfermeira disse que está feliz por ter tomado a vacina. “Hoje fui a primeira a
ser vacinada. E tenho muito orgulho disso, dessa grande oportunidade. E, como
brasileira, eu falo, vamos nos vacinar! Não tenham medo. É isso que estamos
precisando, que a gente estava esperando, a vacina, para a gente poder voltar à
vida normal”.
“Chegou a grande chance do
povo brasileiro. Não tenham medo. Sou pessoa comum, profissional da saúde.E
estou [trabalhando] na pandemia há 10 meses, trabalhando incansavelmente em
dois hospitais. Falo com segurança e propriedade: não tenham medo. É a grande
chance que a gente tem de salvar mais vidas”, acrescentou.
Além de Mônica, o governo
paulista também vacinou, antes da campanha nacional, uma indígena. Vanuzia
Costa Santos, 50 anos, moradora da aldeia Filhos Dessa Terra, em Guarulhos, foi
a primeira indígena vacinada do país. Vanuzia é técnica de enfermagem e assistente
social e presidente do Conselho do Povo Kaimbé. Ela teve covid em maio,
sentindo sintomas severos como dor no corpo, tosse, falta de ar e ausência de
paladar e de olfato que persistem até hoje. "Fiquei muito feliz de
participar desse momento. Sou defensora da vida, de outras vacinas, da
prevenção, da saúde", disse ela.
O Instituto Butantan tem 6
milhões de doses da vacina prontas para aplicação. O governo paulista informou,
durante coletiva, que aproximadamente 4,6 milhões de doses irão para o governo
federal, mantendo cerca de 1,3 milhão de doses no estado.
O uso emergencial da
CoronaVac foi avaliado hoje pela Anvisa e aprovado por diretores do órgão por
unanimidade.
A vacina
O governo paulista, por meio
do Instituto Butantan, tem parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para a
produção da vacina CoronaVac. Por meio desse acordo, o governo paulista já vem
recebendo doses da vacina. O acordo também prevê transferência de tecnologia
para o Butantan, o que significa que o imunizante também será produzido no
Brasil, na fábrica do Butantan. Essas doses foram depois adquiridas pelo
Ministério da Saúde, que deve utilizá-las no Programa Nacional de Imunização.
Para uma vacina ser
utilizada na população, ela passa por uma fase de estudos em laboratório, uma
fase pré-clínica de testes em animais e três etapas clínicas de testes em
voluntários humanos, que avaliam a produção de anticorpos, a sua segurança e a
sua eficácia. Estudos de fases 1 e 2 da vacina, realizados na China, já haviam
demonstrado que ela é segura, ou seja, não provoca efeitos colaterais graves.
Estudo feito com voluntários no Brasil também comprovou que a vacina é segura.
Já os testes de eficácia,
feitos no Brasil com voluntários da área da saúde, revelaram que ela tem 50,38%
de eficácia, pouco acima do mínimo dos parâmetros mínimos exigidos pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). A taxa mínima de eficácia recomendada é de 50% como
parâmetro de proteção.
Produção
O governo de São Paulo já recebeu, da Sinovac, 10,8 milhões de doses da vacina. Desse total, 6 milhões de doses já estão prontas.Pelo termo de compromisso assinado no fim de setembro com a Sinovac, o Butantan vai receber um total de 46 milhões de doses da coronaVac. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de 14 dias entre elas.
Fonte: Agência Brasil.
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