Militares reivindicam melhorias
no salário e outras situações. Senador Cid Gomes tentou invadir batalhão
utilizando uma retroescavadeira e acabou sendo atingido por disparos.
Policiais militares do
Estado do Ceará aderiram greve e o clima está tenso na região. A violência
aumentou em números significativos. Mortes, roubos e demais crimes não param de
ser registrados.
A situação piorou nesta quarta-feira,
19, quando o senador Cid Gomes e irmão do candidato a presidente Ciro Gomes
tentou invadir um batalhão utilizando uma retroescavadeira, o político acabou
sendo atingido por disparos, inicialmente divulgados por bala de elastômero.
De acordo com o site G1 do Ceará,
Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado na tarde desta quarta-feira (19) em um motim de
policiais para reivindicar aumento salarial em Sobral (CE). Cid pilotava uma
retroescavadeira e tentava furar um bloqueio feito por policiais no 3º Batalhão
da Polícia Militar do município.
O Hospital do Coração
informou que o estado de saúde de Cid é estável e que não há risco de morte. O
senador licenciado está em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI),
sem previsão de alta. Um boletim médico divulgado nesta quarta, às 19h40,
afirma que ele está "lúcido e respirando sem auxílio de aparelhos" e
tem "boa evolução clínica".
Lia Gomes, irmã do político,
informou que ele passa bem e que "está sedado para evitar sentir dores e
está com uma sonda para drenar o ar que entrou no pulmão quando a bala
transfixou." Ainda segundo ela, o senador também está tomando antibióticos
para evitar qualquer quadro de infecção.
Boletim médico divulgado
pelo Hospital do Coração às 19h40 diz que Cid deu entrada na unidade e,
"após atendimento, segue apresentando boa evolução clínica. Seu quadro
cardíaco e neurológico não apresenta alteração. Neste momento o paciente
encontra-se lúcido e respirando sem auxílio de aparelhos". O senador
realizou tomografia na Santa Casa de Sobral, retornando depois para a UTI do
Hospital do Coração, onde deve passar a noite em observação.
O ex-governador Ciro Gomes,
irmão de Cid, disse em uma rede social que o senador licenciado "não corre
risco de morte", foi atingido por "dois tiros de arma de fogo" e
que os disparos "não atingiram órgãos vitais apesar de terem mirado seu
peito esquerdo".
Inicialmente, a assessoria
do senador licenciado Cid Gomes disse que ele havia sido atingido por uma bala
de borracha. Depois, a assessoria informou que o tiro foi, na verdade,
disparado por uma arma de fogo.
Cid Gomes organizava um
protesto contra um grupo de policiais que tenta impedir o trabalho da Polícia
Militar. Nesta quarta-feira, policiais esvaziaram pneus de carros da polícia
para impedir que o trabalho dos agentes de segurança atuem na ruas.
Alguns vídeos compartilhados
nas redes sociais mostram o momento em que Cid Gomes tenta furar o bloqueio com
a retroescavadeira e, logo depois, uma pessoa faz os disparos em direção ao
senador licenciado, que também quebram os vidros do veículo.
Outras imagens registradas
no local também mostram o senador licenciado consciente e com a blusa manchada
de sangue após a confusão.
'Vocês têm cinco minutos'
Em frente ao bloqueio dos
policiais, utilizando uma retroescavadeira, ele pediu que os policiais
deixassem o local: "Vocês têm cinco minutos pra pegarem os seus parentes,
as suas esposas e seus filhos e sair daqui em paz. Cinco minutos. Nem um a mais",
afirmou Cid, em um megafone.
Na tarde desta quarta-feira,
Cid Gomes postou nas redes sociais que estava em Fortaleza e que chegaria a
Sobral ainda na quarta, por volta das 16h. No vídeo, Cid afirmou que "quem
deveria dar segurança para o povo está promovendo a insegurança, promovendo a
desordem" e disse ainda que iria "definir uma estratégia para dar
paz". Sobral é também a cidade natal de Cid Gomes.
Ainda na tarde desta
quarta-feira, policiais de Sobral ordenaram que comerciantes fechassem as
portas do Centro da cidade.
Os policiais abandonaram o
batalhão onde estavam amotinados no início da noite.
Investigação policial
Em nota, a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social do Ceará diz que o crime contra o senador
licenciado será investigado pelo Núcleo de Homicídios da Delegacia Regional de
Sobral da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE). Segundo a nota, a Polícia
Federal e a Polícia Civil vão atuar em conjunto e uma equipe do Grupo de Pronta
Intervenção (GPI) da PF irá para Sobral. Ainda não há informações em relação a
uma eventual prisão ou identificação do autor dos disparos.
O ministro Sergio Moro
(Justiça e Segurança Pública) autorizou nesta quarta-feira o envio da Força
Nacional para o Ceará por 30 dias, contados a partir desta quinta (20). Antes,
o ministério já havia comunicado que enviou equipes da Polícia Rodoviária
Federal e da Polícia Federal "para garantir a segurança do senador Cid
Gomes".
"A operação terá o
apoio logístico do órgão demandante, que deverá dispor da infraestrutura
necessária à Força Nacional de Segurança Pública", detalha o texto da
portaria.
O governador do Ceará,
Camilo Santana (PT-CE), diz que já havia solicitado formalmente o apoio de
tropas federais para o Ceará aos ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de
Governo da Presidência) e Sergio Moro (Justiça e Segurança) para uma "ação
enérgica contra essas pessoas que têm agido como criminosas".
Santana afirma ainda que é
"inacreditável a extrema violência sofrida pelo senador Cid Gomes,
atingido por dois tiros, hoje, em Sobral" e que a violência foi
"provocada por um grupo de policiais mascarados, amotinados num
quartel".
Repercussão
Em nota, o presidente do
Senado, Davi Alcolumbre, afirma que acompanha o caso "com
preocupação" e que solicitou informações ao ministro Sergio Moro (Justiça
e Segurança) e ao governador Camilo Santana (PT-CE) para "obter
informações e garantir a segurança" de Cid.
O Fórum Brasileiro de
Segurança Pública divulgou uma nota em que condena tanto "a escalada de
confronto e violência" com os disparos contra Cid Gomes quanto os atos de
"agentes mascarados aterrorizando a população e ordenando o fechamento de
estabelecimentos comerciais". "Neste momento, faz-se necessário que
autoridades, associações e representantes das instituições policiais tenham
serenidade e responsabilidade para encontrar saídas pacíficas e dentro da
legalidade."
O prefeito de Fortaleza,
Roberto Cláudio (PDT), usou as redes sociais para se pronunciar sobre o
tumulto. O gestor da capital falou sobre o "espírito público" de Cid
e demonstrou indignação pelos "atos inaceitáveis de criminalidade",
referindo-se aos atos de alguns policiais militares em protesto por reajuste
salarial.
Com informações do G1 Ceará.