O cientista político Ranulfo Paranhos analisou os principais obstáculos e estratégias que os gestores municipais deverão adotar para equilibrar demandas imediatas e projetos de longo prazo, além de superar problemas estruturais históricos.
Com o início de novos mandatos municipais em 2025, os prefeitos eleitos e reeleitos em Alagoas se deparam com um cenário desafiador, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança pública. O cientista político Ranulfo Paranhos analisou os principais obstáculos e estratégias que os gestores municipais deverão adotar para equilibrar demandas imediatas e projetos de longo prazo, além de superar problemas estruturais históricos.
“A saúde pública nos municípios pequenos e médios ainda enfrenta uma infraestrutura hospitalar precária. Muitos municípios não conseguem oferecer sequer atenção primária, o que sobrecarrega polos regionais como São Miguel dos Campos, Arapiraca e Maceió. A solução passa por melhorar a atenção primária e qualificar profissionais em áreas críticas, como medicina e enfermagem”, explicou.
Na educação, os desafios também são alarmantes. “O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) mostra dificuldades no ensino fundamental e médio em diversas localidades de Alagoas. Apesar dos avanços financeiros, como o aumento de verbas nos últimos vinte anos, a infraestrutura escolar e a qualidade do ensino ainda deixam a desejar. Há necessidade de políticas mais eficazes, especialmente no que diz respeito à formação de professores e à oferta de escolas em condições adequadas”, destacou.
Demandas imediatas versus projetos de longo prazo
Ranulfo ressaltou que os prefeitos precisam equilibrar a resposta às demandas populares imediatas com a execução de projetos de longo prazo. “As demandas imediatas dizem respeito aos serviços básicos: iluminação pública, coleta de lixo, saúde e educação básica. Esses serviços impactam diretamente a qualidade de vida e devem ser resolvidos com agilidade. Para isso, é essencial abrir canais de diálogo com a população, como ouvidorias e pesquisas periódicas, para identificar prioridades de forma mais precisa”, afirmou.
Já para os projetos de longo prazo, o cientista político destacou a importância de um planejamento técnico e estratégico. “Os planos diretores dos municípios são cruciais nesse contexto. Por exemplo, problemas de saneamento básico não se resolvem da noite para o dia, mas podem ser enfrentados com obras a médio e longo prazo. Melhorar o saneamento reduz, como externalidade positiva, a demanda por saúde pública, já que diminui o número de doenças infectocontagiosas”, explicou.
Ranulfo também defendeu a necessidade de parcerias público-privadas (PPPs) como solução para muitos dos desafios enfrentados pelos gestores municipais. “O setor privado não pode ser excluído da gestão pública. No entanto, essas parcerias devem ser realizadas de forma transparente, sem incorrer em corrupção. É preciso definir claramente quais são as contrapartidas do município e os benefícios para a população”, afirmou.
Além disso, ele destacou a importância de políticas sustentáveis como parte do planejamento de longo prazo. “A sustentabilidade deve estar no centro das decisões. Isso inclui desde a proteção de recursos naturais e mananciais até o desenvolvimento de soluções inteligentes em energia e agricultura. A integração de diferentes setores da sociedade também é fundamental para criar políticas mais eficazes e abrangentes.”
Articulação política e visão estratégica
Por fim, o cientista político destacou que o sucesso das gestões municipais depende da articulação entre prefeitos, câmaras municipais e diferentes níveis de governo. “A relação entre o executivo municipal e o legislativo local é crucial para a elaboração de políticas públicas eficientes. Além disso, a colaboração com o Governo do Estado e a União deve ser constante para garantir recursos e apoio técnico. Os prefeitos não podem pensar de forma isolada.”
Segundo Ranulfo, a chave para uma gestão eficaz está na capacidade de equilibrar demandas populares com projetos técnicos que tragam impactos duradouros. “Não é possível criar um grande projeto técnico que não resolva problemas sociais. A população precisa ver e sentir os resultados das políticas públicas, tanto no dia a dia quanto em melhorias estruturais a longo prazo”, concluiu.
0 Comentários