Domicílios improvisados são aqueles que não foram destinados para essa finalidade; pesquisa também recenseou moradores em domicílios coletivos.


Dados divulgados nesta sexta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que 4.293 pessoas moram em domicílios particulares improvisados, de acordo com o Censo 2022. A divulgação também trouxe o número de moradores nos domicílios coletivos, como asilos e penitenciárias, onde residem 6.045 habitantes.

Os domicílios particulares improvisados são aqueles encontrados em espaços que não foram pensados originalmente como moradia, mas têm residentes. A categoria abrange estruturas comerciais ou industriais degradadas ou inacabadas, estruturas móveis (veículos e barracas), além de calçadas, praças, viadutos e abrigos naturais (como grutas ou cavernas).

Os moradores em domicílios particulares improvisados não devem ser confundidos com a população em situação de rua, já que o recenseamento é uma pesquisa domiciliar e não houve esse mapeamento específico.

“Esse universo de pessoas que estamos divulgando não é, necessariamente, uma população que pode ser classificada como população de rua como um todo. Há exemplos de moradores de tendas ou barracas em áreas rurais, ocupações de disputa de terra, entre outros exemplos. Assim como há pessoas em situação de rua que não estão nessa classificação porque não têm nenhum tipo de domicílio improvisado, porque dormem em um papelão na rua, ou similares”, destaca Bruno Perez, analista do IBGE.

Moradores em domicílios particulares improvisados: mais da metade vive em barracas de lona, plástico ou tecido

Em todo o Brasil, cerca de 160 mil pessoas vivem nesse tipo de estrutura. No estado de Alagoas, a maioria delas – 64% – mora em tendas ou barracas feitas de lona, plástico ou tecido (2.743 pessoas). Mais da metade desses moradores são homens (1.495) e a faixa etária mais frequente abrange aqueles de 50 a 59 anos.

Os demais alagoanos moradores de domicílios improvisados residem dentro de estabelecimentos em funcionamento (570 habitantes); abrigos naturais ou outras estruturas improvisadas (434); estrutura improvisada em logradouro público (378); estrutura residencial permanente degradada ou inacabada (151); além de veículos, inclusive barcos (17 pessoas). Estruturas como casa de taipa ou casa em favela não são considerados domicílios improvisados.

A pesquisa também investigou a taxa de alfabetização desses moradores. As pessoas que vivem em tendas têm o maior índice de analfabetismo – 43,6% não sabem ler ou escrever. Considerando apenas os homens, o número sobre para 46,6% analfabetos.

Moradores em domicílios coletivos: residentes de penitenciárias são maioria; analfabetismo em abrigos para população em situação de rua chega a 71%

A população alagoana residente em penitenciária, centro de detenção ou similares é de 3.342 pessoas, segundo o Censo 2022, o que corresponde a mais da metade dos moradores de domicílios coletivos no estado. Nas penitenciárias e estabelecimentos afins, homens são ampla maioria (96%) e a maior parte deles têm entre 30 e 39 anos, com média geral de 22% de analfabetismo.

Asilos e instituições de longa permanência para idosos ocupam o segundo lugar em percentual de moradores em domicílios coletivos. Ao todo, foram recenseados 766 idosos e idosas nessa situação. Entre estes, a taxa média de analfabetismo atinge os 56% e também é maior entre homens (60%).

Os demais ocupantes de domicílios coletivos estão distribuídos entre os moradores de hotéis ou pensões (502 pessoas); outros domicílios coletivos (360); clínicas psiquiátricas, comunidades terapêuticas e similares (284); orfanatos (184); abrigos, casas de passagem ou república assistencial para outros grupos vulneráveis (181); alojamentos (161); unidade de internação de menores (134); abrigos, albergues ou casa de passagem para população em situação de rua (131).

Moradores de abrigos, albergues ou casa de passagem para população em situação de rua têm taxa média de 71% de analfabetismo.

Por: Nathalia Leal - Jornalista