Dados
do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola revelam os principais polos
produtores de uvas no país e apontam mudanças no cenário vitícola.
No
Brasil, a produção de uvas concentra-se principalmente nas regiões Nordeste,
Sul e Sudeste, que produzem juntas mais de 18 milhões de toneladas da fruta
anualmente. A viticultura do sul do país segue na liderança, no entanto, sua
produção tem enfrentado desafios ao longo dos anos, abrindo caminho para o
rápido crescimento da produção de uvas no Nordeste.
Por
outro lado, as regiões Norte e Centro-Oeste, embora possuam algumas fazendas de
viticultura em expansão, produziram juntas menos de 60 mil toneladas em 2022,
de acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, realizado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e analisados com
exclusividade pela reportagem do Investindo por aí.
A
região Sul continua liderando a viticultura no Brasil, tendo alcançado a marca
de 10,4 milhões de toneladas em 2022.
O
Nordeste, por sua vez, vem apresentando um crescimento significativo na
produção de uvas, figurando como o segundo maior produtor do país. No ano
passado, a região atingiu a marca de 5,5 milhões de toneladas.
Já o
Sudeste, que produziu 2,3 milhões de toneladas da fruta, e o Centro-Oeste, que
produziu 53 mil toneladas, apresentam números inferiores. O Norte é a região
com a menor produção, tendo colhido apenas 1.300 toneladas no mesmo período.
Viticultura
do Nordeste cresce, enquanto cai no Sul e Sudeste
Apesar
de ocuparem posições de destaque no cenário nacional da viticultura, Sul e
Sudeste vêm lidando com algumas dificuldades nos últimos 10 anos, com a
produção de uvas diminuindo em seus territórios.
No
Sul do país, a produtividade da viticultura reduziu-se em 10% entre 2012 e
2022. Enquanto a região produzia 11,7 milhões de toneladas em 2012, em 2022
esse número caiu para 10,4 milhões.
No
Sudeste, a produção também sofreu uma pequena queda de 1,7% ao longo dessa
década. Em 2012, a região produziu 2,2 milhões de toneladas de uvas, enquanto
em 2022 a produtividade reduziu-se para 2,1 milhões de toneladas.
Por
outro lado, o Nordeste tem mostrado resultados expressivos no setor de
viticultura. Em 2012, a região produziu 3,3 milhões de toneladas de uvas e, ao
longo dos 10 anos seguintes, registrou um crescimento de 64%, atingindo a marca
de 5,5 milhões de toneladas produzidas em 2022.
Para
entender melhor a dinâmica do mercado vitícola, entrevistamos Helia Mendonça,
gerente comercial da Fazenda Labrunier, uma empresa especializada na produção
de uvas com quatro fazendas, duas localizadas em Pernambuco e outras duas na
Bahia. Fundada há 33 anos, a fazenda sempre se dedicou à viticultura e tem
buscado se adaptar às mudanças ao longo do tempo. “O sertão possui todos os
atributos climáticos, de solo e tecnologia necessários para a produção de uvas.
O clima semiárido e definido proporciona menos doenças e pragas, e nossa
tecnologia de irrigação cria um microclima adequado para o cultivo,” afirma
Helia ressaltando as vantagens da região.
Quanto
ao futuro da produção de uvas no Nordeste, a gerente comercial da Fazenda
Labrunier enfatizou o potencial da região. “Apesar dos desafios, acreditamos no
grande potencial de crescimento da produção de uvas no Nordeste. Nossos
principais obstáculos são os altos custos de produção, desde insumos até a
legislação trabalhista, mas estamos otimistas com o futuro,” disse Mendonça.
A
respeito das perspectivas de exportação, Helia Mendonça afirmou ainda que a
Fazenda Labrunier exporta para mais de 18 países, atendendo a todos os
requisitos necessários para os mercados europeus, latino-americanos e
americanos. “A exportação é uma parte importante do nosso negócio, e temos
conseguido atender às demandas internacionais com sucesso,” completou.
Apoio
governamental para a produção de uva em Pernambuco
Por
meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), o setor
vitícola tem recebido apoio via programas de incentivo para pequenos produtores
e Arranjos Produtivos Locais, APLs. É o que informou ao Investindo por aí a
assessoria de comunicação da ADEPE, enfatizando ainda os incentivos fiscais
específicos oferecidos pelo governo de Pernambuco para promover a
competitividade do setor.
“A
ADEPE oferece programas de qualificação e capacitação de empresas pernambucanas
para exportar. Além disso, buscamos promover a valorização de produtos
derivados da produção de uva, investindo em comunicação, identificação
geográfica e reconhecimento, possibilitando maior acesso a mercados
internacionais e valorização dos produtos do estado,” explicou a assessoria.
Quanto
às expectativas para o mercado vitícola no futuro, a ADEPE está otimista. Com o
crescimento do mercado de vinhos acima de 6% nos últimos anos e fenômenos
climáticos que podem afetar a produção em outros estados do sul do país, a
região Nordeste, especialmente Pernambuco, tem potencial para se destacar ainda
mais na produção de uvas. “Esperamos que empresas do sul do Brasil realizem
investimentos produtivos em Pernambuco, impulsionando ainda mais o setor no
estado,” concluiu a assessoria.
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