Escapar desse "marco
sombrio" exige adotar uma atitude de "vacina mais [outras
medidas]", afirmou Kluge.
O número de mortos por Covid
na Europa pode chegar a 2,2 milhões em março do ano que vem, afirmou nesta
terça (23) Hans Kluge, diretor para o continente da OMS (Organização Mundial da
Saúde), se mantidas as tendências atuais. Escapar desse "marco
sombrio" exige adotar uma atitude de "vacina mais [outras
medidas]", afirmou Kluge. "Isso significa ser vacinado, tomar o reforço
se oferecido e ao mesmo tempo usar máscaras, manter distância, ventilar espaços
internos, lavar as mãos e espirrar no cotovelo."
De acordo com o diretor da
entidade, está nas mãos de cada um "evitar tragédias e perdas
desnecessárias" e limitar mais perturbações à sociedade e às empresas
durante o inverno. Por causa da quarta onda, Letônia, Holanda e Áustria
reimpuseram confinamento e outros países apertaram medidas, provocando também
insatisfação e protestos —alguns terminaram em violência.
Desde o começo da pandemia,
1,5 milhão de europeus morreram por causa do coronavírus nos 53 países
acompanhados pela entidade. Ou seja, a OMS alerta que até março mais 700 mil
óbitos possam ocorrer no continente até março. A média de óbitos diários vem
crescendo desde o final do verão europeu e, de acordo com a OMS dobrou, de
2.100 no final de setembro, para 4.200 na semana passada.
Segundo levantamento do
Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, a Covid é hoje a principal causa de
mortes na Europa e na Ásia Central, e as estimativas são de que a pressão sobre
hospitais fique alta ou extrema em 25 dos 53 países, entre este final de mês e
1º de março.
A perspectiva para as UTIs é
ainda mais preocupante: a pressão alta ou extrema só não é esperada em apenas 4
países —Malta, Suíça, Cazaquistão e Israel, que estão na área acompanhada pela
seção europeia da OMS. De acordo com a entidade, há três principais fatores que
impulsionam a alta transmissão atual de Covid. O primeiro é a dominância da
variante delta, altamente transmissível e presente em mais de 99% dos
sequenciamentos feitos no continente, sem que nenhum país reporte mais de 1% de
qualquer outra variante.
Em segundo lugar,
"muitos países indicaram às suas populações que a Covid não era mais uma
ameaça, ao aliviar medidas como o uso de máscaras e o distanciamento físico em
espaços confinados", intensificando o contágio. De acordo com levantamento,
menos da metade (48%) das pessoas na região usam máscara ao sair de casa,
embora estudos indiquem que o equipamento de produção pode reduzir em 53% a
incidência de Covid.
Se a porcentagem dos que
usam máscaras subisse a 95%, mais de 160 mil mortes seriam evitadas durante o
inverno, de acordo com a OMS.
O terceiro motivo é o de que
um grande número de pessoas que ainda não estão vacinadas, e por isso não
protegidas contra doenças graves e mortes. Ao mesmo tempo, a imunização perde,
com o tempo, seu poder de evitar infecções.
O diretor da OMS afirmou que
as vacinas são vitais para evitar internações e reduzir a pressão nos sistemas
de saúde. A porcentagem de cidadãos completamente imunizados, porém, ainda é
baixa (53,5%, na média) e esconde grande desigualdade.
Há países em que menos de
10% receberam as doses necessárias, como a Armênia, enquanto outros superam
80%, como Portugal. "Está claro que na maioria dos países os leitos de
terapia intensiva agora são ocupados principalmente por pacientes que não foram
vacinados ou estão apenas parcialmente vacinados", disse em discurso nesta
terça a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Ela ressaltou que a taxa de
morte por habitantes nos países com maior taxa de vacinação, como Portugal e
Espanha, é muito menor que nos países da União Europeia que não avançaram na
imunização. "Se olharmos para as taxas de hospitalização e mortalidade,
estaremos lidando principalmente com uma pandemia de pessoas não vacinadas. É
por isso que nossa principal prioridade é e continua a avançar com a
vacinação", afirmou.
Kluge pediu aos europeus que
se vacinem e adotem as medidas básicas de proteção para evitar lockdowns e
fechamentos de escolas: "Sabemos por experiência amarga que isso tem
consequências econômicas extensas e um impacto negativo generalizado na saúde
mental, facilita a violência interpessoal e é prejudicial ao bem-estar e ao
aprendizado das crianças".
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