Investigadores levantaram que 86 propriedades atribuídas a Gordão – também em nome de laranjas – valem R$ 130 milhões no mercado.


Túnel de fuga, piscina, adega, lago. Colaborador da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), o megatraficante paulistano Anderson Lacerda Pereira, de 41 anos, conhecido como Gordão, conseguiu acumular imóveis e benesses que deixam outros chefões do tráfico no chinelo. Levantamento feito pela Polícia Civil de São Paulo, obtido pelo Metrópoles, mostra que o bandido controlava ou estava prestes a controlar pelo menos 97 imóveis em junho do ano passado. Investigadores levantaram que 86 propriedades atribuídas a Gordão – também em nome de laranjas – valem R$ 130 milhões no mercado.

Só não foram avaliados 11 imóveis que ainda estavam em processo de aquisição, de acordo com o documento. A Polícia Civil começou a mapear o império imobiliário na Operação Soldi Sporchi, deflagrada no ano passado. Os agentes acharam uma planilha em uma residência do megatraficante, em Arujá, região metropolitana de São Paulo, em que estavam anotados dados de 97 propriedades. De acordo com investigações, Gordão acumulou esse patrimônio graças à venda drogas. Ele é considerado um dos principais responsáveis pela exportação para a Europa de entorpecentes vendidos pela facção criminosa PCC.

Na planilha, cada propriedade era descrita por um código, de acordo com os policiais. Comparando as descrições dos imóveis com outros documentos apreendidos na investigação, como contas de consumo, boletos de IPTU e cópias de documentos cartoriais, os policiais mapearam a lista de espaços que foram controlados pelo megatraficante ou estavam em negociação. Policiais analisaram que o megatraficante controlou oito terrenos na praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, Pernambuco, além de imóveis em bairros de São Paulo como Ermelino Matarazzo, Guaianazes e Jardim Anália Franco. Também foram identificadas propriedades em cidades paulistas como Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Suzano, Barueri e Carapicuíba, Jacareí e Itu.

Em Santa Isabel, o criminoso possuía um sítio onde mantinha cavalos, araras e jacarés em um microzoológico. Arujá, na Grande São Paulo, era a capital de seu império – só lá ele teve pelo menos 17 imóveis. Quando foi alvo da Operação Soldi Sporchi, terminava de construir uma mansão em condomínio de luxo que exibia até túnel de fuga subterrâneo com saída para fora do empreendimento urbanístico. Em outra casa no Arujá, policiais identificaram uma porta oculta com saída para um bunker.

A maioria dos imóveis de Gordão está em nome de sua mãe, Arlete, que só no estado de São Paulo já figurou como proprietária de 20 propriedades. O megatraficante também já teve 10 imóveis registrados em seu nome nos últimos anos. Foram identificados ainda bens em nome de laranjas. Ao menos parte dos imóveis já foi bloqueada pela Justiça. Condenado por tráfico de drogas, o bandido está foragido desde o ano passado e também é investigado por lavagem de dinheiro e tráfico de armas.