Em discurso, presidente do STF,
Luiz Fux, rebateu discursos do presidente da República.
Em pronunciamento nesta
quarta-feira (8), na abertura da sessão plenária, o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, rebateu discursos do presidente da
República, Jair Bolsonaro, realizados em Brasília e São Paulo, no feriado da
Independência do Brasil. “Ofender a honra dos ministros e incitar a população a
propagar discursos de ódio contra o Supremo são práticas antidemocráticas e
ilícitas”, disse o ministro.
Crime de responsabilidade -
A respeito da afirmação de Bolsonaro de que não mais cumprirá decisões do STF,
Fux lembrou que o desprezo às decisões judiciais pelo chefe de qualquer dos
Poderes, além de representar atentado à democracia, configura crime de
responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional.
O presidente do STF afirmou
que a Corte jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao
exercício regular de suas funções e não tolerará ameaças à autoridade de suas
decisões. “Ninguém fechará esta Corte. Nós a manteremos de pé, com suor e
perseverança. No exercício de seu papel, o Supremo Tribunal Federal não se
cansará de pregar fidelidade à Constituição”.
Falsos profetas - Fux
convocou os cidadãos para que fiquem atentos a “falsos profetas do
patriotismo”, que ignoram que democracias verdadeiras não admitem que se
coloque o povo contra o povo ou o povo contra as suas próprias instituições.
“Povo brasileiro, não caia na tentação das narrativas fáceis e messiânicas, que
criam falsos inimigos da nação. O verdadeiro patriota não fecha os olhos para
os problemas reais e urgentes do Brasil”, afirmou.
Liberdades - O presidente
assinalou que o Supremo esteve atento à forma e ao conteúdo dos atos realizados
nas manifestações, especialmente cartazes e palavras de ordem com duras
críticas à Corte e aos seus membros. Segundo eles, os movimentos não
registraram incidentes graves, e os participantes exerceram as suas liberdades
de reunião e de expressão – direitos fundamentais ostensivamente protegidos
pelo STF.
Nesse contexto, destacou que
em toda a sua trajetória nesses 130 anos de vida republicana, o Supremo jamais
se negou – e jamais se negará – ao aprimoramento institucional em favor do
Brasil. “No entanto a crítica institucional não deve se confundir com
narrativas de descredibilização do Supremo Tribunal e de seus membros, tal como
vêm sendo gravemente difundidas pelo chefe da Nação”, ressaltou.
Forças de segurança - O
ministro enalteceu a atuação das forças de segurança do país, em especial as
Polícias Militares e a Polícia Federal, na preservação da ordem e da
incolumidade do patrimônio público, com integral respeito à dignidade dos
manifestantes.
Problemas reais - Em nome
dos ministros e das ministras da Corte, Fux conclamou os líderes do país a se
dedicarem aos problemas reais que assolam o povo: a pandemia, que ainda não
acabou e já levou 580 mil vidas brasileiras; o desemprego, que conduz o cidadão
ao limite da sobrevivência biológica; a inflação, que corrói a renda dos mais
pobres; e a crise hídrica, que ameaça a nossa retomada econômica.
0 Comentários