Caso ainda é tratado como mistério pela polícia e parece longe de um desfecho; Rodrigo Alapenha foi vítima de um atentado, em 2017, no momento em que chegava em casa, em Delmiro Gouveia.

 


O assassinato do empresário Rodrigo Alapenha Cardoso Silvestre, genro do ex-prefeito Lula Cabeleira, do município de Delmiro Gouveia, completa quatro anos de impunidade nesta quarta-feira (11). O caso ainda é tratado como um mistério pela polícia e parece longe de um desfecho. Os prazos dados para conclusão do inquérito nunca foram cumpridos e, passado todo este tempo, a família convive com a angústia pela falta de informações que indiquem os culpados.

O crime aconteceu no começo da tarde do dia 11 de agosto de 2017. Alapenha foi atingido por vários tiros no momento em que chegava em casa, na Avenida Antônio José da Costa, que fica no Loteamento Rosa de Saron, no bairro Novo, em Delmiro. Ele conduzia uma caminhonete, que foi atingida por, pelo menos, trinta disparos de arma de fogo. Boa parte dos tiros atravessou os vidros e acertou a vítima em várias partes do corpo, sem chance de reação.

À época, testemunhas relataram à Polícia Civil que um carro de passeio se aproximou em alta velocidade do veículo em que o empresário estava. Os ocupantes abriram fogo e saíram em disparada, com destino incerto. Havia expectativa de câmeras de segurança, instaladas em estabelecimentos comerciais e residências próximas, pudessem flagrar a execução, mas, após quatro anos, nenhum suspeito foi apresentado como sendo responsável pela morte. A polícia suspeitava que os criminosos usaram um Corolla de cor branca, cuja placa não foi anotada.

Natural de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, Alapenha era casado com a também empresária Emilene Ferreira (Mila), filha de Luiz Carlos Costa, o Lula Cabeleira. Ele tinha empresas de peças automotivas, de locações e terraplanagem, em municípios sertanejos alagoanos e pernambucanos. O crime chocou a população de Delmiro Gouveia pela maneira como aconteceu.

Com o tempo, o trauma dos parentes e dos moradores da região foi sendo substituído pela revolta. A sensação de impunidade só aumenta por um caso sem aparente solução. Logo após o crime, a Delegacia Geral da Polícia Civil designou uma comissão de delegados para tocar a investigação. A intenção era dar uma resposta mais rápida à sociedade diante de mais um aparente crime de pistolagem no interior do Estado.

O grupo era formado pelos delegados Rodrigo Rocha Cavalcanti (Delegacia Regional de Polícia de Delmiro Gouveia), Mário Jorge Barros (que era gerente da Divisão Especial de Investigação e Capturas – Deic) e Cícero Lima (então gerente de Polícia Judiciária da Região 4). O delegado Fábio Costa também colaborou com o caso, mas nunca foi o responsável por liderar a apuração.

Além destes nomes, o delegado Valter Fontes Cunha, que respondia pelos distritos policiais de Inhapi e Mata Grande, ainda apurou detalhes na cena da execução. Ele estava de plantão no dia em o assassinato aconteceu.

Mesmo com tantas cabeças pensantes, a polícia não conseguiu, até agora, encaminhar a elucidação. A comissão foi mudada com a tentativa de avançar. Os delegados Rodrigo Cavalcanti e Mário Jorge Barros foram retirados do caso e, para o lugar deles, foi designado o delegado Guilherme Iusten. Ainda assim, faltam respostas cruciais a serem respondidas. Afinal de contas, quem matou o empresário? E a pedido de quem? Por qual motivo? O crime teve motivações políticas pela ligação de Alapenha com Lula Cabeleira? Pode ter sido um acerto de contas? Dívidas? Nada disso foi esclarecido.

Em busca de esclarecimentos, os parentes não cansam de procurar a polícia. No começo de agosto, alguns deles foram até a delegacia e conseguiram falar com um dos delegados responsáveis pela investigação. Ouviram dele a informação de que diligências continuam sendo feitas visando o desfecho.

Alguns meses após o assassinato, os parentes procuraram a SSP para relatar que temiam que a violência sofrida pelo empresário pudesse se repetir com outros membros da família. Eles foram recebidos pelo então secretário-executivo da SSP, delegado Manoel Acácio Júnior e pediram explicações sobre o que poderia ter provocado o crime. Ouviram do gestor a promessa de que o caso não cairia no esquecimento e os culpados seriam devidamente identificados e presos.

Quando era chefe da Polícia Civil, o delegado Paulo Cerqueira fez a meia culpa quando questionado pela imprensa acerca da demora em elucidar este caso. Segundo ele, a comissão foi orientada a trabalhar com “calma, cautela, discrição e sigilo para não atrapalhar a investigação”.

Em março de 2018, agentes da Deic e do Tático Integrado de Grupos de Resgates Especiais (Tigre) fizeram uma operação em Delmiro Gouveia com o propósito de prender possíveis suspeitos do crime. As pessoas que foram detidas, na ocasião, chegaram a ser ouvidas pelos delegados, mas foram liberadas por falta de provas.

Diante da falta de informações concretas sobre o caso, a Gazeta tentou contato com os delegados Guilherme Iusten e Cícero Lima, mas não conseguiu até o fechamento da matéria. Também procurou a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) em busca detalhes acerca da apuração do assassinato. No entanto, foi aconselhada, pela assessoria de comunicação, a procurar a direção da Polícia Civil, a quem cabe investigar os crimes.

A assessoria de comunicação da PC prometeu falar com as autoridades policiais imbuídas na investigação e, posteriormente, passaria um posicionamento da instituição à reportagem, o que não aconteceu.

Igualmente solicitados, os familiares do empresário preferiram não se manifestar.

Fonte: Gazeta Web.