11 delas são atribuídas a confronto entre os grupos rivais, PM intensificou os trabalhos para evitar mais mortes.
Confrontos entre
organizações criminosas, iniciados a partir da morte do filho do líder de uma
facção na tarde de sábado (22), resultaram numa série de assassinatos ocorridos
durante todo o fim de semana em Macapá e Santana. A Delegacia de Homicídios da
Polícia Civil iniciou a investigação dos casos e busca a relação entre as
execuções.
Ao todo, foram 17
assassinatos, dos quais pelo menos pelo menos 11 a corporação atribiu à disputa
entre grupos rivais pelo tráfico de drogas e de armas. Confira detalhes e
locais dos homicídios.
A morte que iniciou o
confronto aconteceu no bairro Muca, por volta de 13h, onde um homem conhecido
como "Scooby" foi baleado pelo menos 10 vezes por rivais armados. A
execução, inclusive, foi filmada por um dos criminosos e o vídeo se espalhou
pelas redes sociais.
“O filho de um dos líderes
de uma facção do Amapá foi morto de uma forma violenta e brutal. Depois disso
começou a série de homicídios na cidade, que só não foi pior graças ao trabalho
da Polícia Militar que evitou mais confrontos, que por volta das 19h começaram
a saturar a cidade com policiamento”, detalhou o delegado Dante Ferreira.
Até o momento, nenhum
envolvido nos crimes foi preso. A Polícia Militar (PM) detalhou que há
dificuldades para chegar nos autores.
“Aparentemente elas cessaram,
o último caso foi na manhã de domingo. As facções lançam os ‘salves’, que são
as formas de se comunicarem através dos membros. No momento foi quase
impossível fazer a prisão de alguém”, detalhou o tenente Josiagab Oliveira,
porta-voz da PM.
O grande número de
ocorrências em bairros diversos: Congós, Conjunto Macapaba, Pacoval, dificultou
o rápido trabalho de perícia e acompanhamento das equipes da polícia.
"É uma investigação
bastante difícil porque envolve organização criminosa, envolve um pessoal que
morre muito jovem nessa área mais pobre da cidade, que são áreas de pontes e
palafitas ou em bairros da periferia, e como envolve facção as pessoas e
próprios parentes que testemunharam os crimes eles ficam receosos de contar
alguma coisa pra polícia com medo de sofrer retaliação", pontuou.
Com o início das
investigações, uma das dificuldades é o levantamento de testemunhas, já que em
muitos locais impera a "lei do silêncio". Por isso, a corporação
conta com denúncias anônimas.
"Dificilmente alguém
testemunha, o que tem nos ajudado bastante é a denúncia anônima de outras
pessoas da população que viram e sabem de alguma informação e imagens de
câmeras que as vezes a gente consegue esse tipo de informação", completou
Dante.
Para a polícia não há
dúvidas de que maior parte dos crimes foi arquitetado de dentro da
penitenciária do estado, onde presos, líderes de grupos criminosos, organizam
as mortes com uso de celular.
“As pessoas estão presas
cumprindo pena em tese, mas continuam arquitetando crimes de dentro do presídio
e os órgãos de Segurança Púbica, o Ministério Público e o Poder Judiciário
precisam tomar providência. Teve uma compra de bloqueadores de celulares e a
gente não sabe o motivo deles não serem instalados, e poderiam ser usados para
estancar a comunicação de dentro pra fora do presídio ou, pelo menos,
dificultar, o que já ajudaria bastante”, sugere.
O delegado também acredita
que a transferência de líderes de facção para presídios federais pode minimizar
parte dos problemas. Para o Iapen, ainda há dificuldades para a instalação de
bloqueadores de celulares.
"A empresa não
conseguiu atingir 100% necessário para que a gente confirmasse o recebimento do
serviço. Ao longo dos testes, uma empresa acionou a Anatel alegando que estava
havendo vazamento de frequência para bairros próximos", explicou Lucivaldo
Costa, diretor do Iapen.
Costa completa que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) reuniu com as empresas de telefonia e a responsável pela instalação dos bloqueadores pedindo a suspensão da instalação até a resolução dos problemas.
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