"Até o momento, não
existe nenhum caso suspeito de coronavírus no Brasil", afirmou o
secretário substituto de Vigilância em Saúde, Júlio Croda.
O Ministério da Saúde disse
hoje (23) que já descartou a suspeita de casos de coronavírus em cinco unidades
da federação. Segundo a pasta, as notificações à rede Centro de Informações
Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) feitas pelas secretarias de Saúde
do Distrito Federal, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do
Sul não se enquadram nos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) para diagnosticar a doença.
"Até o momento, não
existe nenhum caso suspeito de coronavírus no Brasil", afirmou o
secretário substituto de Vigilância em Saúde, Júlio Croda, ao explicar a
jornalistas que o ministério vem acompanhando a situação mundial desde 31 de
dezembro, quando o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus (219-nCoV)
foi oficialmente registrado na China. Segundo o secretário, o Brasil está
preparado para lidar com uma eventual epidemia da doença.
Evitando comentar o
resultado dos exames laboratoriais a que as pessoas foram submetidos nos cinco
casos reportados como suspeitos, o secretário foi taxativo: “A Organização
Mundial da Saúde estabeleceu dois critérios [para atestar a presença do
coronavírus no organismo]. Um clínico: a pessoa precisa ter febre e mais algum
sintoma respiratório. E temos os critérios epidemiológicos, que são três: ter
viajado para Wuhan, na China; ter tido contato com algum paciente suspeito de
coronavírus ou com algum paciente com [a doença] já confirmada. São estas as
situações em que uma pessoa pode ser enquadrada em um caso suspeito.”
Para Croda, há um
justificado “medo generalizado” diante da nova doença que, além da China, já se
espalhou por oito países (Arábia Saudita, Cingapura, Coreia do Sul, Estados
Unidos, Japão, Tailândia, Taiwan e Vietnã). Por isso, disse o secretário, para
evitar alarmismo e gastos desnecessários, é importante que os gestores de saúde
estaduais se informem sobre as características do coronavírus e a respeito dos
critérios estabelecidos pela OMS.
“A recomendação para os
gestores é: leiam o boletim epidemiológico [divulgado pelo Ministério da
Saúde]. Serviços de vigilância epidemiológica, leiam o boletim! Enquadrem suas
suspeitas na definição de caso aqui colocado, que é a mesma da OMS. No momento,
esta é a principal recomendação para os gestores. Que sigam as recomendações do
ministério”, declarou o secretário substituto, reconhecendo que a definição de
casos de doenças é dinâmica e precisa ser revista a todo instante.
“Em muitos momentos, a
vigilância epidemiológica estadual se antecipa e toma medidas preventivas
necessárias e solicita os exames necessários. Não há nenhum problema em relação
às [secretarias estaduais] reportarem um possível caso ao ministério. Trabalharemos
juntos para esclarecer a situação”, comentou o secretário substituto,
garantindo que, ontem mesmo, entrou em contato com a secretaria de Saúde de
Minas Gerais para tratar do caso reportado como suspeito pela secretaria
estadual. “É um caso que não se enquadra na atual definição da OMS.”
Croda ressaltou que as
secretarias estaduais têm autonomia para submeter a exames os casos que
julgarem suspeitos, mas o Ministério da Saúde, com base na atual orientação da
OMS, não recomenda que isto seja feito por julgar uma ação pouco efetiva e
dispendiosa. “Não vamos fazer exames para todas as síndromes gripais, que são
avaliadas de acordo com o protocolo de influenza, que é o vírus mais comum.
Nestes casos, não há por que submeter [o paciente] ao protocolo de coronavírus”,
acrescentou Croda, sem revelar o resultado dos testes a que foram submetidos os
pacientes dos cinco casos que estados relataram como suspeita de coronavírus.
“Eles foram encaminhados para exames laboratoriais para testagem de influenza.
O resultado ainda estão sendo processados. Este teste não vai detectar
coronavírus, mas sim influenza”.
O secretário substituto de
Vigilância em Saúde garantiu que o Brasil está preparado para lidar com uma
eventual epidemia da doença. "Por enquanto, segundo a OMS, a transmissão
do vírus está restrita entre familiares e profissionais de saúde. E o Brasil
está preparado. Já ativamos nosso Centro de Operações em Emergência para
organizar a rede com os estados e estabelecer critérios de definição de casos.
E, principalmente, atualizar diariamente as informações que forem surgindo,
como eventuais mudanças na definição de casos", acrescentou Croda.
Características
Segundo o Ministério da
Saúde, os coronavírus são uma grande família viral que causa infecções
respiratórias em seres humanos e em animais. Os coronavírus humanos causam
doença respiratória, de leve a moderada, no trato respiratório superior. Os
vírus receberam esse nome devido às espículas na sua superfície, que lembram
uma coroa.
Os primeiros coronavírus humanos
foram inicialmente identificados em meados da década de 1960.
Fonte: Agência Brasil