O tema da redação do ENEM 2018 já foi liberado pelo INEP e tratou da manipulação de dados das pessoas na internet. O Cada Minuto ouviu o professor de redação Luiz André Medeiros, responsável pelo aluno nota mil de Alagoas no ano passado Alan Nabor, sobre a importância do tema. Na análise do professor do curso preparatório Saber em Debate, o tema fugiu das polêmicas políticas e também, depois de vários anos, das situações de hipossuficientes que eram as maiores apostas desse ano.
Para Luiz André, a
utilização massiva de dados pessoais por organismos estatais e privados, a
partir de avançadas tecnologias da informação, apresenta novos desafios ao
direito à privacidade. A combinação de diversas técnicas automatizadas permite
a obtenção de informações sensíveis sobre os cidadãos, que passam a fundamentar
a tomada de decisões econômicas, políticas e sociais. A análise do tratamento
de dados pessoais no âmbito dessa relação deve considerar de forma prioritária
a vulnerabilidade do usuário\consumidor nesse processo.
Luiz André afirma que o
aluno deveria ter usado seu repertório sociocultural através das Visões
Universalistas ao trazer argumentos sociológicos que definam a ideia de que com
os avanços da tecnologia da informação ocorridos, “fala-se por toda parte sobre
a “morte da privacidade”, expressão que visa demonstrar a impossibilidade de se
preservarem fatos e elementos da esfera privada diante do enorme fluxo
informacional proporcionado pelas novas tecnologias”.
“Sabe-se que há séculos o
controle de informações pelas instituições sociais, tais como a Igreja e o
Estado, esteve associado ao controle do poder na sociedade. No entanto, a
partir de meados do século XX, o desenvolvimento tecnológico acarretou a
intensificação dos fluxos de informação de uma forma nunca antes vista o que
levou à denominação da sociedade atual como sociedade da informação”.
O professor destacou a
utilização da visão do sociólogo espanhol Manuel Castells, ao defender que está
em curso uma verdadeira revolução tecnológica, cujo núcleo se refere às tecnologias
da informação, processamento e comunicação. Segundo ele, a sociedade que emerge
dessa revolução tecnológica é a “sociedade em rede”, que se caracteriza não
pela centralidade de conhecimentos e informação, mas pela “aplicação desses
conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de
dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de
realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso”.
Isso significa que essa nova
tecnologia da informação tem uma capacidade ininterrupta de difusão, na medida
em que os próprios usuários dela se apropriam, redefinindo-a. Porém, o
professor destaca que o aluno tem os textos motivadores para ter seu
direcionamento. “Vamos aguardar os motivadores para perceber qual foi o
direcionamento proposto pelo INEP.”
Duração
Os estudantes têm 5h30 para
fazer o primeiro dia de provas do Enem 2018. Aqueles que solicitaram durante as
inscrições e têm direito a tempo adicional terão uma hora a mais para concluir.
Já os deficientes auditivos e surdos que optaram fazer a Videoprova Traduzida
em Libras terão duas horas a mais de prova.
Além da redação, ao todo são
90 questões, sendo 45 de linguagens e outras 45 de ciências humanas.
Veja os temas da redação de
edições anteriores do Enem, desde que foi reformulado, em 2009:
Enem 2009: O indivíduo
frente à ética nacional
Enem 2010: O trabalho na
construção da dignidade humana
Enem 2011: Viver em rede no
século XXI: Os limites entre o público e o privado
Enem 2012: O movimento
imigratório para o Brasil no século XXI
Enem 2013: Efeitos da
implantação da Lei Seca no Brasil
Enem 2014: Publicidade
infantil em questão no Brasil
Enem 2015: A persistência da
violência contra a mulher na sociedade brasileira
Enem 2016: Caminhos para
combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo
no Brasil - Neste ano houve duas aplicações do exame
Enem 2017: Desafios para
formação educacional de surdos no Brasil.
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